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Segundo turno?
Desafio dos tucanos para tentar vencer a eleição presidencial de outubro é reverter o desequilíbrio abismal no Nordeste
A SÉRIE de pesquisas do
Datafolha deixa clara
qual é a condição para a
ocorrência de segundo
turno nas eleições presidenciais
deste ano. A segunda rodada
ocorrerá caso os adversários de
Luiz Inácio Lula da Silva reduzam o percentual da preferência
do eleitor hoje atribuído ao presidente da República. Isso pode
ocorrer pela via da transferência
de intenções de voto no petista
para o conjunto de seus oponentes e pela adesão de eleitores antes indecisos (ou cuja intenção
era votar branco/nulo) a alguma
das chapas oposicionistas.
A pesquisa que este jornal publicou ontem mostrou um discreto movimento nessas duas
vertentes. Lula perdeu dois pontos percentuais, transferidos para os seus adversários, cujo conjunto também ganhou um ponto
percentual à custa da redução
dos indecisos para 8%.
Tais oscilações foram mínimas
e ocorreram sempre dentro da
margem de erro da pesquisa. O
resultado da análise estatística,
porém, transitou de uma situação em que se podia atestar a vitória do petista no primeiro turno, no fim de junho, para outra,
em meados de julho, em que esse
grau de certeza já não existe.
Nenhuma tendência pode ser
inferida desses pequenos movimentos. O ganho expressivo de
intenções de voto de Heloisa Helena (PSOL) -que saiu de 6% para 10% em pouco mais de 15
dias-, por seu turno, ainda precisa ser testado em sondagens à
frente para que se defina o grau
de solidez dessa novidade.
Por ora, é interessante ater-se
aos sinais, que o Datafolha mais
recente também traz, que podem atestar a possibilidade de
uma mudança, seja no sentido da
consolidação do favoritismo de
Lula no primeiro turno, seja no
da realização de uma rodada
eleitoral decisiva, que ocorreria
em 29 de outubro.
Apesar de ter perdido quatro
pontos na pesquisa espontânea
(em que o eleitor é convidado a
declinar o nome de seu preferido
sem ser apresentado à lista dos
concorrentes), o candidato petista é o que tem, hoje, o eleitorado mais firme. De cada cem pessoas que declaram intenção de
votar em Lula, 74 dizem estar totalmente definidas -são 66 no
caso de Geraldo Alckmin (PSDB)
e 53 no de Heloisa Helena.
Do outro lado, o dado que pode
dar alento às pretensões do candidato tucano é que, dos eleitores que afirmam não estar seguros do voto em Lula, 46% dizem
que Alckmin seria a sua opção
caso resolvam mudar de candidato. É bem menor (24%) a fatia
dos que, na mão contrária, não
estão convictos do voto atribuído
ao ex-governador paulista e que
apontam o presidente como o
desaguadouro de sua preferência
caso decidam mudar de opção.
Com ou sem segundo turno, o
grande desafio regional da campanha tucana continua sendo o
de diminuir o abismo que separa
Alckmin de Lula no Nordeste, o
segundo maior colégio eleitoral.
Para cada intenção nordestina
de voto no tucano, há quase cinco no petista, padrão que destoa
completamente da polarização
que marca as duas outras grandes regiões eleitorais do país.
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