São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2006

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Segundo turno?

Desafio dos tucanos para tentar vencer a eleição presidencial de outubro é reverter o desequilíbrio abismal no Nordeste

A SÉRIE de pesquisas do Datafolha deixa clara qual é a condição para a ocorrência de segundo turno nas eleições presidenciais deste ano. A segunda rodada ocorrerá caso os adversários de Luiz Inácio Lula da Silva reduzam o percentual da preferência do eleitor hoje atribuído ao presidente da República. Isso pode ocorrer pela via da transferência de intenções de voto no petista para o conjunto de seus oponentes e pela adesão de eleitores antes indecisos (ou cuja intenção era votar branco/nulo) a alguma das chapas oposicionistas.
A pesquisa que este jornal publicou ontem mostrou um discreto movimento nessas duas vertentes. Lula perdeu dois pontos percentuais, transferidos para os seus adversários, cujo conjunto também ganhou um ponto percentual à custa da redução dos indecisos para 8%.
Tais oscilações foram mínimas e ocorreram sempre dentro da margem de erro da pesquisa. O resultado da análise estatística, porém, transitou de uma situação em que se podia atestar a vitória do petista no primeiro turno, no fim de junho, para outra, em meados de julho, em que esse grau de certeza já não existe.
Nenhuma tendência pode ser inferida desses pequenos movimentos. O ganho expressivo de intenções de voto de Heloisa Helena (PSOL) -que saiu de 6% para 10% em pouco mais de 15 dias-, por seu turno, ainda precisa ser testado em sondagens à frente para que se defina o grau de solidez dessa novidade.
Por ora, é interessante ater-se aos sinais, que o Datafolha mais recente também traz, que podem atestar a possibilidade de uma mudança, seja no sentido da consolidação do favoritismo de Lula no primeiro turno, seja no da realização de uma rodada eleitoral decisiva, que ocorreria em 29 de outubro.
Apesar de ter perdido quatro pontos na pesquisa espontânea (em que o eleitor é convidado a declinar o nome de seu preferido sem ser apresentado à lista dos concorrentes), o candidato petista é o que tem, hoje, o eleitorado mais firme. De cada cem pessoas que declaram intenção de votar em Lula, 74 dizem estar totalmente definidas -são 66 no caso de Geraldo Alckmin (PSDB) e 53 no de Heloisa Helena.
Do outro lado, o dado que pode dar alento às pretensões do candidato tucano é que, dos eleitores que afirmam não estar seguros do voto em Lula, 46% dizem que Alckmin seria a sua opção caso resolvam mudar de candidato. É bem menor (24%) a fatia dos que, na mão contrária, não estão convictos do voto atribuído ao ex-governador paulista e que apontam o presidente como o desaguadouro de sua preferência caso decidam mudar de opção.
Com ou sem segundo turno, o grande desafio regional da campanha tucana continua sendo o de diminuir o abismo que separa Alckmin de Lula no Nordeste, o segundo maior colégio eleitoral. Para cada intenção nordestina de voto no tucano, há quase cinco no petista, padrão que destoa completamente da polarização que marca as duas outras grandes regiões eleitorais do país.


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