|
Próximo Texto | Índice
O FMI E A ARGENTINA
Apesar do colapso do sistema
de pagamentos e da ruptura
dos contratos de dívida interna e externa ocorridos no início do ano, o
governo argentino vai promovendo,
com grande sacrifício da sociedade,
a transição para um novo regime
monetário e cambial.
A taxa de câmbio flutuante se estabiliza em torno de 3,55 pesos por dólar. O sistema financeiro apresenta
ligeira recuperação de depósitos e de
aplicações. A balança comercial
apresenta um superávit mensal de
US$ 1,5 bilhão. O ritmo de queda da
produção industrial diminuiu.
O ministro da Economia, Roberto
Lavagna, encaminhou uma minuta
da carta de intenções ao FMI, em que
se compromete com uma série de
metas para a economia do país: queda do PIB de 11%, taxa de inflação de
64% e superávit fiscal de 0,7% do PIB
em 2002. Sinalizou ainda um piso
para as reservas internacionais de
US$ 9 bilhões e a promessa de liberar, gradativamente, os depósitos
bancários bloqueados.
A vice-diretora do Fundo, Anne
Krueger, definiu a carta de intenções
como "uma peça de otimismo excessivo". Pode até ser verdade, mas está
na hora de o Fundo mostrar um mínimo de boa vontade com a sociedade argentina, que já realizou um ajuste de enormes proporções.
Um entendimento com o FMI é importante para o país iniciar as renegociações das dívidas externas -estimadas em US$ 142 bilhões-, e recuperar as linhas de crédito ao comércio exterior. O superávit comercial e a retomada do crescimento da
economia e da arrecadação tributária
são vitais para o futuro da Argentina.
São os passos necessários para que o
país possa começar a honrar as dívidas contraídas, recuperar o sistema
de crédito e facilitar a transição política no início do ano que vem.
Um acordo do FMI com a Argentina seria relevante também para outros países latino-americanos, sujeitos a uma brutal restrição de crédito
internacional. O encaminhamento
da crise financeira e cambial no país
platino pode ajudar a reduzir a aversão ao risco nos investidores e a retomar as linhas de crédito a exportadores do subcontinente.
Próximo Texto: Editoriais: CHOQUE DE GERAÇÕES Índice
|