São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 2002

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O FMI E A ARGENTINA

Apesar do colapso do sistema de pagamentos e da ruptura dos contratos de dívida interna e externa ocorridos no início do ano, o governo argentino vai promovendo, com grande sacrifício da sociedade, a transição para um novo regime monetário e cambial.
A taxa de câmbio flutuante se estabiliza em torno de 3,55 pesos por dólar. O sistema financeiro apresenta ligeira recuperação de depósitos e de aplicações. A balança comercial apresenta um superávit mensal de US$ 1,5 bilhão. O ritmo de queda da produção industrial diminuiu.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, encaminhou uma minuta da carta de intenções ao FMI, em que se compromete com uma série de metas para a economia do país: queda do PIB de 11%, taxa de inflação de 64% e superávit fiscal de 0,7% do PIB em 2002. Sinalizou ainda um piso para as reservas internacionais de US$ 9 bilhões e a promessa de liberar, gradativamente, os depósitos bancários bloqueados.
A vice-diretora do Fundo, Anne Krueger, definiu a carta de intenções como "uma peça de otimismo excessivo". Pode até ser verdade, mas está na hora de o Fundo mostrar um mínimo de boa vontade com a sociedade argentina, que já realizou um ajuste de enormes proporções.
Um entendimento com o FMI é importante para o país iniciar as renegociações das dívidas externas -estimadas em US$ 142 bilhões-, e recuperar as linhas de crédito ao comércio exterior. O superávit comercial e a retomada do crescimento da economia e da arrecadação tributária são vitais para o futuro da Argentina. São os passos necessários para que o país possa começar a honrar as dívidas contraídas, recuperar o sistema de crédito e facilitar a transição política no início do ano que vem.
Um acordo do FMI com a Argentina seria relevante também para outros países latino-americanos, sujeitos a uma brutal restrição de crédito internacional. O encaminhamento da crise financeira e cambial no país platino pode ajudar a reduzir a aversão ao risco nos investidores e a retomar as linhas de crédito a exportadores do subcontinente.


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