São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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FERNANDO RODRIGUES

A farra na TV e no rádio

BRASÍLIA - É fácil falar mal do horário eleitoral no rádio e na TV.
Difícil é dizer qual a melhor solução numa democracia estável e justa.
O publicitário Washington Olivetto opinou a respeito na Folha: "Sou contra a obrigatoriedade. O eleitor deveria escolher o candidato pela cobertura da imprensa".
É uma fórmula idílica. Parte da grande mídia até já se ocupa de noticiar com imparcialidade candidaturas de interesse nacional. Mas haveria carnificina no interior do país, onde muitos políticos dominam os meios de comunicação.
Na vigência de um sistema com liberdade de expressão, é lícito que os políticos queiram se expressar por meio de propagandas quando começa a temporada de eleições. O problema é como regular esse direito. Certamente o melhor modelo não é o de países como os EUA, onde o tempo de TV precisa ser comprado pelos candidatos. Quem tem mais dinheiro prospera. Quem não tem, some do mapa.
No Brasil pós-ditadura, criou-se uma jabuticaba. Democratismo puro. Concedeu-se tempo amplo de TV e rádio a todas as siglas. Havia uma lógica inicial. A estrutura partidária estava em frangalhos. Era necessário dar oportunidade para que, à la Mao Tsé-tung, florescessem as mil flores.
Mas já se passaram 23 anos desde a volta do Brasil à democracia.
Há hoje 27 partidos registrados.
Fazem uma farra no horário eleitoral. É um desrespeito com os eleitores. Em 2004, seis siglas tiveram 72,7% dos votos para prefeito (PT, PSDB, PMDB, DEM, PP e PDT).
Agora, pela enésima vez, o Planalto sugere uma cláusula de desempenho eleitoral. Os nanicos teriam um tempo de fato limitado.
Será o maior legado de Lula para a política. Mas, como é praxe nesses casos, é melhor ver para crer.

frodriguesbsb@uol.com.br


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