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KENNETH MAXWELL
Esporte e política
EU NÃO JOGO golfe. Fiz algumas aulas quando criança,
mas o esporte nunca me conquistou. Mesmo assim, fiquei admirado ao descobrir que o golfe se
havia tornado o mais recente objeto de desaprovação do líder venezuelano, presidente Hugo Chávez.
"Há esportes e esportes", ele declarou uma semana atrás na televisão
venezuelana: "Vocês querem que
eu acredite que esse é um esporte
popular?".
Hugo Chávez joga beisebol. O
beisebol foi importado para a Venezuela dos EUA, que não são o
país favorito de Hugo Chávez. Na
Escócia, onde o golfe surgiu, o esporte era visto como campo de teste ideal para o calvinismo.
Daniel Freedman, nesta semana,
no "Wall Street Journal", citou
Alistaire Cook, britânico que se
tornou um ícone na TV dos Estados Unidos e segundo o qual "as armadilhas, os arbustos, urzes e giestas, as colinas e pequenas ondulações do terreno, eram vistos não
como incômodos, mas como obstáculos naturais, como lembretes a
todos os pecadores originais de
que, em competição com o Altíssimo, eles não prevaleceriam".
A decisão de Chávez de expropriar os campos de golfe da Venezuela, para, sem dúvida, abrir espaço a habitações populares, parece
um pouco com os ataques do governo iraniano contra a pobre Inglaterra, descrita como origem de
seus problemas de legitimidade depois da recente eleição presidencial no país. É certo que haveria
muito o que reclamar quanto ao
passado. A Inglaterra desempenhou papel decisivo em diversos
golpes no Irã.
Mas, em 2009, a crise na política
iraniana foi causada pelo Irã. Dessa
vez, os britânicos, como aliás os
EUA, interpretaram no máximo
papéis coadjuvantes no drama iraniano. Como no caso de Hugo Chávez e os campos de golfe venezuelanas, o golfe é uma desculpa. Freedman aponta que China, Rússia e
Cuba proibiram o golfe décadas
atrás. Mas os soviéticos construíram seu primeiro clube de golfe em
1988, um ano antes da queda do
Muro de Berlim. O golfe é hoje um
esporte popular em muitas partes
do mundo.
A Inglaterra joga críquete, claro.
Allen Stanford, um empresário do
Texas que em 2006 ganhou um título de cavaleiro britânico por indicação das ilhas de Antigua e Barbuda, no Caribe, tornou o jogo mais
dinâmico por meio de partidas que
se encerram em um só dia e de altos prêmios em dinheiro.
Mas Sir Allen provou ser um falso amigo. Foi acusado recentemente pelas autoridades dos Estados Unidos de conduzir "uma
imensa fraude de magnitude chocante". Entre suas vítimas estão
aparentemente diversos venezuelanos, muitos dos quais sem dúvida
golfistas cujas pistas Hugo Chávez
agora planeja desapropriar.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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