São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Universidades de pesquisa no Brasil
ROBERTO LEAL LOBO E SILVA FILHO
Verificou-se, em 2003, um grande crescimento do número de instituições que satisfaziam aos critérios de universidades de pesquisa extensiva, que passaram de oito para 16, quase todas universidades públicas, com exceção das PUCs do Rio e de São Paulo. A USP continuou mantendo quase o triplo de áreas de doutorado e produção de teses que a UFRJ em 2003, passando para 188 áreas e 2.104 teses, contra 66 e 643, respectivamente, da UFRJ. Algumas universidades que estavam na primeira lista subiram, como a Unesp, para terceiro, vindo a UFRGS logo em seguida. A Unicamp obteve o quinto maior número de áreas, apesar de ser a segunda em número de teses (738), seguida da UFMG, da Unifesp e da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), que não estava na primeira lista, mas em 2003 chegou entre as oito universidades com maior número de áreas de pesquisa (30). A partir daí, a lista inclui, além da PUC-RJ, sete outras universidades que só atingiram os critérios da Carnegie Foundation em 2003, sendo seis federais e uma PUC. Pela ordem: UnB, UFPR, UFSC, PUC-RJ, UFF, UFV, UFBA e PUC-SP -que possuía em 2003 exatamente as 15 áreas necessárias, com 313 defesas de tese. Além do número de universidades de pesquisa extensiva ter crescido, houve uma nítida descentralização geográfica desse tipo de IES. Enquanto, em 1998, sete das oito universidades situavam-se na região Sudeste e uma na região Sul, em 2003 dez situavam-se no Sudeste, a região Sul passou a ter três representantes, aparecendo o Nordeste com duas e o Centro-Oeste com uma IES. Os números de 2003 reforçam o crescimento verificado de mais de 50% da participação brasileira na produção de artigos científicos em revistas indexadas, tendo aproximadamente dobrado o número das publicações científicas e o de doutores formados. Nos Estados Unidos, as universidades de pesquisa do tipo extensivo correspondem a 3,5% das IES que oferecem diplomas de graduação de quatro ou mais anos, enquanto no Brasil essa proporção é de 1%. No Brasil, tomando a mesma proporção que há nos EUA, poderíamos ter 56 instituições desse tipo, no universo de 1.584 IES (dados do Inep referentes a 2002). O percentual de alunos matriculados nessas instituições é, no entanto, bem maior lá-são 14% do total de matrículas nos EUA e 10% no Brasil. Esses dados nos mostram que nem todas as IES num país podem se dedicar intensamente às atividades de pesquisa. No entanto é muito importante que uma pequena parcela das instituições de ensino superior tenha a pesquisa como seu principal foco, a fim de assegurar a produção sistematizada do conhecimento e a formação de cientistas, bem como abrigar os grupos de pesquisa produtivos, que é a missão das universidades de pesquisa extensiva. Outra conclusão importante é a de que, apesar das dificuldades por que passam nossas IES, tanto públicas quanto privadas, a consolidação da pesquisa e da pós-graduação é uma realidade, principalmente no setor público -e, nele, no sistema federal de ensino e no sistema estadual paulista. Roberto Leal Lobo e Silva Filho, 66, doutor em física pela Universidade Purdue (EUA), é diretor da Lobo & Associados Consultoria. Foi reitor da USP (1990-93) e da Universidade de Mogi das Cruzes (1996-99). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Mino Carta: Resposta ao senhor Fernando Índice |
|