São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Direito ou dever
"Também vejo com simpatia o voto facultativo abordado na Revista da Folha (19/9/04), porém não nego a função educativa da sua obrigatoriedade. O deputado federal pelo Ceará Martins Rodrigues, cassado em 1968, dizia ao se posicionar contra a ditadura militar: "O povo aprende a votar votando". A propósito, se um dirigente for eleito por menos da metade dos votos do eleitorado, voltarão à baila os argumentos golpistas do passado. O mais adequado é reduzir a idade de obrigatoriedade de voto das pessoas com mais idade. Esses já aprenderam a votar e, quem com mais de 50 anos não souber a importância do voto, é melhor mesmo que não vote. Em relação à freqüente menção da não-obrigatoriedade de voto nos Estados Unidos, é bom lembrar que lá a eleição final é feita em um tipo de colégio eleitoral."
Rogerio Belda (São Paulo, SP)

Empírico
"Perfeita a análise do jornalista Marcelo Beraba ("Marta e Alckmin", Ombudsman, Brasil, pág. A8, 19/9). Para quem lê diariamente a Folha, não é necessária estatística para constatar o que está evidente na cobertura do jornal. Concordo com o ombudsman quando diz que quase todas as reportagens que questionam o governo municipal identificam a responsabilidade da prefeita Marta Suplicy. Ao contrário, as que questionam o governo estadual, além de em menor volume, raramente apontam o governador Geraldo Alckmin. É essa a imparcialidade que a Folha apregoa?"
Benjamin Eurico Malucelli (São Paulo, SP)

Função primordial
"Como eleitor deste país absurdo chamado Brasil, espero uma única coisa de nosso chefe da nação: que ele governe o país. Se nosso presidente se dedicar a cada um dos 25 ministérios apenas uma vez por semana, o que é muito pouco, seria necessário que ele estivesse com cinco de seus ministros por dia, resultando em menos de duas horas para cada um. Duas horas por semana! Não me parece muito tempo para se inteirar dos problemas, orientar seus subordinados e ajudar na melhoria de vida do povo brasileiro. Ainda assim, nós o vemos inaugurando obras em São Paulo e fazendo campanha política. Sr. presidente, o senhor não tem mais o que fazer?"
Marcelo Cruvinel Marsiglio (Paulínia, SP)

Protesto
"Mais uma vez, manifesto minha indignação devido a reportagem publicada por esta Folha. Desta feita, refiro-me à reportagem "PF faz apreensão no PSDB e na casa de tucano de MT" (Brasil, 17/9). O referido texto busca novamente fazer uma ligação de minha pessoa com problemas relacionados à campanha eleitoral de 2002 naquele Estado. Primeiramente, parece-me estranho a insistência do jornalista em retomar notícias velhas, e inclusive por mim respondidas, no dia 13 de agosto, neste "Painel do Leitor". Não entendo o objetivo dessa nova investida contra a minha reputação, ainda mais porque a reportagem trata de uma investigação da Polícia Federal sobre outra pessoa. Naquela ocasião relatei: "Tão logo tomei conhecimento de que o referido cheque fora trocado em uma factoring (no caso a VIP) -frise-se, portanto, bem antes de ser deflagrada a operação da Polícia Federal conhecida como Arca de Noé-, entrei na Justiça com uma ação declaratória de inexistência de relação jurídica com nulidade de título de crédito. A Justiça acatou a ação e liminarmente determinou que um oficial de Justiça recuperasse o cheque. O resgate só não aconteceu porque o responsável pelas finanças da factoring não foi localizado pelo oficial". Volto a afirmar que é leviana e irresponsável qualquer tentativa de relacionar esse fato ou pessoas que fazem parte do crime organizado ao meu nome. Quero novamente ressaltar que em toda a minha vida pública, durante 30 anos, nos quais ocupei os cargos de prefeito, por duas vezes, e como governador de meu Estado, jamais tive nenhum envolvimento em atos prejudiciais ao patrimônio público."
Carlos Bezerra, presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (Brasília, DF)

Debate acirrado
"Faço uma sugestão às pessoas que vêm se manifestando na Folha de forma contrária ao direito de aborto nos casos de fetos anencefálicos: saiam de seus escritórios e acompanhem in loco essas gestações. Assistam à ultra-sonografia que firmará o diagnóstico, vejam no útero materno um crânio vazio. Ajudem o obstetra a dar a notícia à família. Acompanhem a angústia dos pais durante os meses de gravidez inútil. Assistam ao parto. Vejam o aspecto do concepto. Observem-no junto com o pediatra até o fim. Sintam as conseqüências psicológicas que durarão muito mais tempo, quando não definitivamente. Feito isso, escrevam novamente. Reafirmem suas opiniões. Abusem da retórica. Recorram ao obscurantismo religioso. Ameacem com o apocalipse eugênico, distorçam, façam comparações infundadas com outras neuropatias. Enfim, convençam-me de que onde não há cérebro há vida."
Luciano Ribeiro Brazão, médico (Batatais, SP)

 

"Foi muito claro e convincente o texto do sr. Massimo Vari ("Tendências/Debates", pág. A3, 18/9). Se a mulher gestante tem direitos, o concepto também os tem, igualmente. Se se olhar apenas para os direitos da gestante, relativiza-se o julgamento do ato de abortar e qualquer situação patológica vivida pela mãe poderia ser justificativa para a interrupção da gravidez."
Mario Bonfitto (Campinas, SP)

Círculo vicioso
"Até quando seremos subnutridos políticos, ignorando um círculo vicioso que atormenta o país há décadas? O famigerado inicia-se em um período de recessão, seguido de um pseudocrescimento econômico, autêntico vôo de galinha, que fatalmente redunda em inflação e na necessidade de medidas de restrição ao crescimento, leia-se aumento de taxa de juros, ou , melhor ainda, novo período recessivo. Será que somos realmente ignorantes ou gostamos de ser iludidos? Tal círculo sempre se repetirá, até que enxerguemos o óbvio: falta infra-estrutura. Não há como alcançar crescimento sustentado sem uma indústria de base e recursos energéticos suficientes para sustentá-la, não é possível manter um sistema de produção e comercialização crescentes sem uma malha viária de transporte decente, com estradas, ferrovias e portos realmente modernos. E o mais importante: nunca deixaremos de ser Terceiro Mundo sem recursos humanos oriundos de uma educação baseada na qualidade, e não na quantidade de alunos."
Jan Luiz Parellada (Assis, SP)

Sem diferença
"Vendo na "Primeira Página" da Folha de sábado a foto de crianças prostradas, sujas e com as roupas ensanguentadas, e na página A14 outras duas fotos mostrando mais crianças na mesma situação, mas que agora sofriam e choravam devido a ferimentos causados pelos ataques das forças americanas a Fallujah, no Iraque, eu me pergunto no que a ação militar da potência hegemônica difere da dos terroristas de Beslan."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Para poucos
"Excelente o artigo de José Geraldo Couto "Dinheiro, diploma e dentes" (Esporte, 18/9), sobre a exclusão social, o preconceito e a discriminação a que milhões de pessoas são submetidas diariamente no Brasil. Nossa "elite" só o é no nome. Ignorante e preconceituosa, segue a mesma ideologia dos tempos da casa grande e senzala. Quer a todo o custo manter seus odiosos privilégios e o vergonhoso "apartheid social" em que vivemos. O futebol, o cinema e o espaço público em geral pertencem ao povo, e não apenas a uma meia dúzia de privilegiados."
Renato Khair (São Paulo, SP)


Texto Anterior: Mino Carta: Resposta ao senhor Fernando
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.