São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

Pouso e decolagem

BRASÍLIA - Amanhã termina uma etapa e começa outra no programa FX, agora FX-2, de renovação da frota da FAB. A comissão técnica encerra a coleta de informações sobre os pacotes de produtos e ofertas de tecnologia, enquanto Lula, Jobim, Amorim e Marco Aurélio Garcia dão tratos à bola para dizer, sem contestação, que o processo de seleção era para valer e foi seguido à risca.
Olhado só o produto, o mais sofisticado é o F-18 Super Hornet da Boeing, porque não é à toa que os EUA gastam algo como cem vezes mais que a Suécia e dez vezes mais que a própria França em tecnologia militar. Mas, sob o ângulo do pacote, não só do avião, talvez o Gripen NG, da Saab sueca, seja mais compatível com as necessidades brasileiras e traga mais compensações para o futuro. E há, no meio dessas considerações objetivas, a questão subjetiva pró Rafale, da Dassault: a aliança estratégica com a França.
Há suspeitas -que nenhum brigadeiro ou coronel seria capaz de confirmar- de que a FAB prefere o pacote sueco, porque seria o de menor consequência política (a Suécia não é tão pesada, sob vários aspectos, como EUA e França) e o de maior alcance para troca de tecnologia, formação de mão de obra brasileira e irradiação para a indústria nacional. Além do preço.
Para um país com tantas demandas, é óbvio que o preço mais barato do Gripen NG -e isso não é cascata dos suecos- conta muito. Mas há ainda uma questão que envolve diretamente a Aeronáutica, com seus orçamentos apertados e contingenciamentos: o custo anual da operação, durante 30 a 40 anos. Como só tem um motor, o Gripen custa menos na venda e na operação.
Mas a FAB pode achar uma coisa, e o governo civil já ter decidido outra há mais de um ano. A questão, a partir de amanhã, é produzir a simbiose entre essas duas coisas, até que se transformem num único discurso, crível e convincente para concorrentes e sociedade.

elianec@uol.com.br


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