São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Nova luta
"Será que está nascendo um nova forma de luta no Brasil? Primeiro, um bispo ofereceu sua vida em uma greve de fome para evitar mais um projeto que, provavelmente, fará do Nordeste uma nova Califórnia, mas excluirá milhares de moradores da região. Agora, um ambientalista oferece sua vida para pressionar um governo e um partido que há meses só pensam em se safar das denúncias diárias de corrupção, apagando 25 anos de lutas pela defesa do ambiente e pela construção de um Brasil menos perverso e excludente. Parabenizo a ministra Marina Silva, senadora admirada pelos brasileiros. Consola-nos ver que alguém do governo Lula e do PT ainda tem coragem de se manifestar e defender os princípios e os compromissos pelos quais foram escolhidos para nos representar. Não está na hora de nós, a sociedade civil, sairmos dessa passividade e nos levantarmos?"
Betina Schürmann, pesquisadora associada da Faculdade de Arquitetura da UnB (Brasília, DF)

Companheiros
"Não é de estranhar a forma como o presidente Lula vem tratando o ministro da Fazenda. Afinal, ele já agiu da mesma forma com outros velhos companheiros. O nosso "grande comandante" deixa bem claro que é daqueles que elogia seus soldados quando eles vencem batalhas, mas os abandona à própria sorte quando caem feridos. O perigo, para o presidente, é que, mais cedo ou mais tarde, ele também vai cair ferido e aí, certamente, não haverá mais nenhum companheiro disposto a socorrê-lo."
Josué Luiz Hentz (São João da Boa Vista, SP)

Consciência negra
"No dia de hoje, em que se reverencia a morte de Zumbi e se comemora o Dia da Consciência Negra, gostaria de propor algo mais do que reflexão. Propomos também alguma forma de ação pela valorização do negro e sua cultura. Convidamos todos os que desejam um Brasil mais justo a fazer algo por aqueles que receberam a miséria como herança. Esse foi o único legado que os escravos, construtores das bases do Brasil, tiveram para passar. Nós, do Grupo de Congada do Parque São Bernardo, damos nossa colaboração com a manutenção de uma manifestação cultural que acompanha a família Lemes, fundadora do grupo, há mais de 150 anos. Nossa arte, nossa religiosidade e nossa tradição são, para nós, valores muito mais importantes que os bens materiais. Isso nos permite levar nossas vidas de maneira digna, honesta e feliz, num contraponto à cultura consumista dos dias de hoje, geradora da frustração e da violência que vitimam milhares de pessoas de todas as raças e estratos sociais."
Benedito da Silva Lemes, presidente do Grupo de Congada do Parque São Bernardo (São Bernardo do Campo, SP)

 

"O Dia Nacional da Consciência Negra ainda não pode, infelizmente, ser saudado como a data nacional da vitória contra o racismo e a espantosa exclusão social do afrodescendente no Brasil. Três séculos após o martírio de Zumbi e o heroísmo de Palmares, quase cem anos depois da Revolta da Chibata e já no segundo século da extinção da escravatura, celebrar a consciência negra ainda significa uma convocação à cidadania na luta urgente pela igualdade de oportunidades. Ainda significa a consciência do dever que cada brasileiro tem de cerrar fileiras ao lado dos movimentos representativos dos afrodescendentes na luta não por privilégios, mas por justiça. Enquanto a condição do afrodescendente for a da pobreza, da marginalização, da exposição continuada à violência e ao assassinato, a cidadania no Brasil será uma fantasia inócua. A Confederação Israelita do Brasil, honrando a tradição de empenho da comunidade judaica na causa da justiça social, orgulha-se de, mais uma vez, somar-se incondicionalmente ao movimento negro na reivindicação pela efetiva igualdade do afrodescendente."
Berel Aizenstein, presidente da Conib (São Paulo, SP)

"Entreatos"
"Em relação ao artigo "Entreatos", do prefeito Cesar Maia ("Tendências/Debates", 17/11), gostaria de dizer que o exercício dos direitos morais do diretor de obra audiovisual não corresponde a ato de censura, mas tão-somente ao natural e indissolúvel reflexo do vínculo do criador com sua obra. O direito de autor é um direito fundamental, já consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem, adotada em 1948 pela Assembléia Geral da ONU, e respeitado na Constituição Federal na lei 9.610, de 1998. Diante de todas as figuras eleitas por nosso legislador como co-autores de um audiovisual, destaca-se o diretor como sendo o único legitimado ao exercício dos direitos morais sobre a obra. Assim, é o diretor o guardião da integridade e da inviolabilidade da obra pois exerce os direitos morais de autor. Realmente, o autor de obra intelectual não é "dono da opinião de pessoas e das interpretações que seu trabalho possa produzir", porém cabe a ele a decisão de divulgar ou não a obra no tempo e no modo que julgar apropriado. E nisso se inclui o contexto sociopolítico."
Ivana Có Galdino Crivelli, advogada, primeira vice-presidente da Associação Paulista da Propriedade Intelectual de São Paulo (São Paulo, SP)

Ribeirão Preto
"Em relação ao quadro "O que Palocci não explicou" (Brasil, 18/11), esclareço que fui trabalhar como diretor do Inep, de 2003 a 2004, a convite de seu então presidente, professor Otaviano Helene, meu colega na Universidade de São Paulo. No breve período em que lá estive, sempre combati os graves efeitos para a educação do país da equivocada política de corte nos gastos públicos."
José Marcelino de Rezende Pinto, campus de Ribeirão Preto da USP (Ribeirão Preto, SP)

Tolerância e discernimento
"O Brasil é um país de riqueza natural, étnica e cultural sem igual no planeta. Essa riqueza pode transformar nosso país em exemplo de qualidade de vida, igualdade social e grandeza de espírito. Faltam-nos, porém, qualidades que dependem de atitude individual. Tolerância e discernimento são algumas delas. Tolerância que nos permita conviver em paz com o diferente, seja no pensamento, na crença, na cor da pele, no time de futebol... Discernimento que nos permita distinguir o interesse individual do coletivo, a crítica mesquinha da construtiva, o que atrapalha e o que ajuda a construir a nação que poderemos ser. Que o povo brasileiro saiba ter tolerância e discernimento neste momento e que o Brasil saia desta crise melhorado."
Mário Sérgio de Melo (Ponta Grossa, PR)

Aborto
"Li com a atenção e o respeito que o assunto exige o artigo sobre a vida e o aborto escrito pelo deputado Luiz Bassuma ("Tendências/Debates", 17/11). Alguns reparos podem ser esclarecedores. A Constituição de 1988 garante a vida com algumas exceções: é permitido matar em legítima defesa, por exemplo. Por outro lado, mesmo em países onde o planejamento familiar é de amplo acesso, há falhas dos métodos e, em conseqüência, gestações indesejadas. Como homem, permito-me discordar do nobre deputado: em seres humanos com autonomia, não se trata de um dever deixar nascer a criança, mas, sim, de uma opção afetiva e de responsabilidade. Finalmente, mas não em último lugar, penso que o deputado fundou o "PT-Noruega". Será que o Brasil realmente garante, enquanto Estado, uma vida digna para todas as nossas crianças?"
Thomaz Rafael Gollop, professor livre-docente pela Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)


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