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FERNANDO RODRIGUES
Lobby no Congresso
BRASÍLIA - Reportagem de Rubens Valente e Leandro Beguoci,
ontem na Folha, demonstrou que
36 deputados federais reeleitos receberam dinheiro oficialmente de
empresas relacionadas a ações e a
projetos apoiados por esses políticos dentro do Congresso.
O corregedor da Câmara é um
desses deputados. Ciro Nogueira
(PP-PI) é responsável, em tese, pela
manutenção dos padrões éticos e
morais da Casa. Recebeu uma doação de R$ 180 mil da Ciro Nogueira
Comércio de Motocicletas. Também foi o relator de um projeto sobre velocidade de motocicletas.
Nogueira, cotado para ser ministro de Lula, é um caso extremo de
desprezo pelas boas maneiras políticas. Sua marca tem sido atrapalhar investigações sobre seus pares.
Retardou ao máximo as apurações
sobre os sanguessugas.
Ainda assim, é louvável Ciro Nogueira apresentar de maneira aberta a doação da sua Ciro Nogueira
Comércio de Motocicletas. O mal
não está no fato de o deputado dar
dinheiro a si próprio e ter sido relator de um projeto de lei que o interessa empresarialmente. O problema é os eleitores só ficarem sabendo disso depois da eleição.
Entre os eleitores do Piauí deve
haver amantes das motocicletas e
os que não gostam desse meio de
transporte. Faz parte da democracia. Uma coisa os une: todos têm o
direito de saber de onde vem o dinheiro de Ciro Nogueira antes de
votar. Esse é o sentido de haver
prestação de contas eleitorais.
Nos Estados Unidos, os políticos
relatam a cada 15 dias de quem receberam e o valor das doações financeiras. No Brasil, os dados completos só são apresentados depois
de encerradas as eleições.
Essa anomalia pode ser corrigida.
Depende de uma lei a ser proposta
e aprovada por homens públicos
como Ciro Nogueira. Não é fácil.
frodriguesbsb@uol.com.br
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