São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2007

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Editoriais

Dinheiro pelo ralo

A ÁGUA tende a tornar-se um bem escasso. Em escala global, já chega a 1 bilhão o número de pessoas com acesso precário a esse recurso. Com o aumento populacional, haverá demanda crescente e poluição das fontes hídricas. Especialistas imaginam até mesmo a ocorrência de conflitos armados na disputa por nascentes.
O Brasil, com 12% das reservas de água doce do planeta, é provavelmente o país mais bem servido nesse quesito. A forma como estamos administrando tais recursos, porém, é indecorosa.
Levantamento do Instituto Socioambiental com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento relativos a 2004 mostra que quase a metade (45%) da água retirada dos mananciais do país e tratada não chega de forma regular ao consumidor. A principal causa são os vazamentos na rede (65%), mas ligações clandestinas e falhas nos hidrômetros também contribuem. Em Porto Velho (RO), o desperdício chega a 78,8%.
Técnicos consideram aceitáveis para o Brasil índices entre 15% e 20%, embora haja países que operam com cifras menores. No Japão, a evasão é de 4%.
A água escoando pelo ralo é apenas a face visível da crise que afeta as empresas de saneamento. Reduzir o desperdício exigiria investimentos pesados na rede. Mas, com perdas de receita da ordem de 45%, as companhias têm mais dificuldade de capitalizar-se para investir. Esse quadro, já desolador, é agravado ainda por um marco regulatório confuso, que não deixa claro se são Estados ou municípios que detêm o poder de fazer concessões na área de saneamento.
Resolver essa questão e atingir níveis "civilizados" de desperdício é não apenas um imperativo econômico como também um dever moral num mundo em que as fontes de água potável se tornam cada vez mais preciosas.


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