São Paulo, sexta-feira, 20 de novembro de 2009

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Editoriais

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Consciência negra

COM EXCEÇÃO dos setores mais comprometidos na luta contra a desigualdade racial, o Dia da Consciência Negra, que se comemora hoje, tende a ser visto mais como um feriado (em 700 municípios) entre outros, do que como uma oportunidade para a reflexão.
É verdade que, nos últimos anos, cresceu a importância dos movimentos voltados para a afirmação da identidade e dos direitos de afrodescendentes no Brasil. Com efeitos positivos, de forma geral, sua ação redundou também, muitas vezes, num discurso que separa brancos e negros. Mas o lema da "consciência negra" não deveria ser interpretado de forma exclusivista: diz respeito a todos os brasileiros.
A presença africana na sociedade brasileira não se mede pela análise dos genomas e não se limita aos exemplos tão repetidos de influência na música, na culinária, nos cultos religiosos.
Assim como a defesa dos direitos humanos é uma questão universal, a "consciência negra" é uma questão de identidade nacional, e não racial.
Sob esse aspecto, a "consciência negra" ainda é incipiente no Brasil. A extrema variedade das culturas africanas mal começa a fazer parte dos currículos escolares. A figura contraditória de Zumbi, cuja morte hoje completa 314 anos, reduz-se a uma efígie e a uma perplexidade.
Mais do que uma palavra de ordem particularista, o que está em jogo na "consciência negra" é um legado de várias culturas africanas e um presente de originalidade e descoberta, cujo desconhecimento, num país como o Brasil, só nos empobrece.


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