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FERNANDO RODRIGUES
Parasitas políticos
BRASÍLIA - Defecção do PDS (ex-Arena), o PFL teve seu momento de
ouro ao se acoplar ao governo de
Fernando Henrique Cardoso. Elegeu 105 deputados federais em
1998. A partir daí, entrou em decadência. Neste ano, já com seu novo
nome, Democratas, conquistou só
43 cadeiras na Câmara.
No poder, o DEM foi um parasita
do Estado. Queria cargos. Chantageava o governo FHC. Beliscava onde era possível. Nunca teve um líder interessado e com poder de fato
para transformar a legenda em uma
agremiação nacional, com militância e conexão com a sociedade.
A história agora se repete. O
PMDB ajudou a reconstruir a democracia do país nos anos 80. Passaram-se 30 anos até que chegasse
pelo voto direto ao poder central,
com Michel Temer sendo eleito vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff, do PT.
Obcecados por cargos, os peemedebistas passaram os últimos 16
anos instalando suas ventosas nas
administrações Lula e FHC. A sigla
saiu da eleição com menos senadores, deputados e governadores.
Derrotado nas urnas, o PMDB
não se fez de rogado. Anunciou
nesta semana um bloco com outras
quatro legendas. Quer pressionar
por cargos na futura administração
Dilma. Usa uma tática corriqueira,
mas que levou o DEM à ruína.
É verdade que deputados e senadores nunca saem de mãos abanando quando emparedam o Planalto. Fernando Collor protagonizou o caso mais notório de atrito.
Em 1992, o então presidente sofreu
um processo de impeachment
-num ambiente de hiperinflação e
economia indo ladeira abaixo.
Hoje, o cenário é diverso. O país
cresce mais de 5% ao ano. Uma
imensa classe média emergente se
esbalda comprando eletrodomésticos em 24 prestações.
Sócio do sucesso de Dilma, o
PMDB poderia reconstruir-se. Preferiu o parasitismo político. Mimetiza tática do DEM. E flerta com o
mesmo desfecho melancólico.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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