São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Parasitas políticos

BRASÍLIA - Defecção do PDS (ex-Arena), o PFL teve seu momento de ouro ao se acoplar ao governo de Fernando Henrique Cardoso. Elegeu 105 deputados federais em 1998. A partir daí, entrou em decadência. Neste ano, já com seu novo nome, Democratas, conquistou só 43 cadeiras na Câmara.
No poder, o DEM foi um parasita do Estado. Queria cargos. Chantageava o governo FHC. Beliscava onde era possível. Nunca teve um líder interessado e com poder de fato para transformar a legenda em uma agremiação nacional, com militância e conexão com a sociedade.
A história agora se repete. O PMDB ajudou a reconstruir a democracia do país nos anos 80. Passaram-se 30 anos até que chegasse pelo voto direto ao poder central, com Michel Temer sendo eleito vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma Rousseff, do PT.
Obcecados por cargos, os peemedebistas passaram os últimos 16 anos instalando suas ventosas nas administrações Lula e FHC. A sigla saiu da eleição com menos senadores, deputados e governadores.
Derrotado nas urnas, o PMDB não se fez de rogado. Anunciou nesta semana um bloco com outras quatro legendas. Quer pressionar por cargos na futura administração Dilma. Usa uma tática corriqueira, mas que levou o DEM à ruína.
É verdade que deputados e senadores nunca saem de mãos abanando quando emparedam o Planalto. Fernando Collor protagonizou o caso mais notório de atrito. Em 1992, o então presidente sofreu um processo de impeachment -num ambiente de hiperinflação e economia indo ladeira abaixo.
Hoje, o cenário é diverso. O país cresce mais de 5% ao ano. Uma imensa classe média emergente se esbalda comprando eletrodomésticos em 24 prestações.
Sócio do sucesso de Dilma, o PMDB poderia reconstruir-se. Preferiu o parasitismo político. Mimetiza tática do DEM. E flerta com o mesmo desfecho melancólico.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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