|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
LUIZ FERNANDO VIANNA
Polícia para quem precisa
RIO DE JANEIRO - Os autores de
"Elite da Tropa 2" -livro que, na cola do sucesso do filme quase homônimo, vem se mantendo nas listas
dos mais vendidos- resumem assim o problema da segurança do
Estado do Rio: são as polícias.
O aparente paradoxo é fartamente justificado por sistemas consolidados de corrupção e formas sofisticadas de bandidagem estatal,
como as milícias, hoje mais abrangentes e perigosas do que o tráfico
de drogas -comércio que elas
não se negam a controlar em seus
territórios.
Nesta semana, a Polícia Militar
deu mais uma vez o ar da (des)graça. Um cabo de um batalhão, dirigindo um carro roubado, foi perseguido por uma patrulha e morto. O
comando da corporação pediu desculpas pelo cabo ladrão, mas a versão oficial ainda carece de maior
clareza: por que ele resolveu enfrentar sozinho colegas armados de
fuzis em vez de parar e tentar se
explicar, invocando a conhecida
"camaradagem"?
Pode até ter fogo nessa fumaça.
O que ainda não tem, nas polícias
do Rio, é transparência, apesar dos
esforços das cúpulas. Reeleito governador graças, principalmente,
às conquistas na área de segurança, Sérgio Cabral precisa ele mesmo
ser mais transparente.
Quando, na campanha, dizia
que iria pacificar todas as favelas
do Estado, Cabral estava sendo otimista demais ou apenas demagogo. Só para instalar UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em 47
comunidades da região metropolitana, estima-se que serão necessários mais 12.500 PMs, um aumento
de 29% do efetivo atual.
Para fazer ocupações em todo o
Estado e ainda encontrar substitutos para milicianos e outros policiais bandidos, teremos que pôr farda em parte significativa da população. O custo da fraternidade sonhada das UPPs é a exaltação da
pátria armada. A transparência é
um antídoto contra essa mistura.
Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Parasitas políticos Próximo Texto: Cesar Maia: 1870: ontem e hoje
Índice | Comunicar Erros
|