São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

LUIZ FERNANDO VIANNA

Polícia para quem precisa

RIO DE JANEIRO - Os autores de "Elite da Tropa 2" -livro que, na cola do sucesso do filme quase homônimo, vem se mantendo nas listas dos mais vendidos- resumem assim o problema da segurança do Estado do Rio: são as polícias.
O aparente paradoxo é fartamente justificado por sistemas consolidados de corrupção e formas sofisticadas de bandidagem estatal, como as milícias, hoje mais abrangentes e perigosas do que o tráfico de drogas -comércio que elas não se negam a controlar em seus territórios.
Nesta semana, a Polícia Militar deu mais uma vez o ar da (des)graça. Um cabo de um batalhão, dirigindo um carro roubado, foi perseguido por uma patrulha e morto. O comando da corporação pediu desculpas pelo cabo ladrão, mas a versão oficial ainda carece de maior clareza: por que ele resolveu enfrentar sozinho colegas armados de fuzis em vez de parar e tentar se explicar, invocando a conhecida "camaradagem"?
Pode até ter fogo nessa fumaça. O que ainda não tem, nas polícias do Rio, é transparência, apesar dos esforços das cúpulas. Reeleito governador graças, principalmente, às conquistas na área de segurança, Sérgio Cabral precisa ele mesmo ser mais transparente.
Quando, na campanha, dizia que iria pacificar todas as favelas do Estado, Cabral estava sendo otimista demais ou apenas demagogo. Só para instalar UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em 47 comunidades da região metropolitana, estima-se que serão necessários mais 12.500 PMs, um aumento de 29% do efetivo atual.
Para fazer ocupações em todo o Estado e ainda encontrar substitutos para milicianos e outros policiais bandidos, teremos que pôr farda em parte significativa da população. O custo da fraternidade sonhada das UPPs é a exaltação da pátria armada. A transparência é um antídoto contra essa mistura.


Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Parasitas políticos
Próximo Texto: Cesar Maia: 1870: ontem e hoje

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.