São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Chuchuzinho com pimenta

BRASÍLIA - "O Brasil vai crescer pra chuchu", "Nós vamos ter emprego pra chuchu", "Vai ser um governo que é um chuchuzinho".
Esses motes para sua campanha à Presidência, anunciados pelo governador Geraldo Alckmin, apelidado de "picolé de chuchu" pelo Zé Simão, deixam evidente o seguinte: Alckmin tem cada vez menos de chuchu e não vai largar o osso da candidatura.
Péssimo sinal para o PSDB, que deixa de ter tucanos para ter baratas tontas. Num dia, vai ter prévia. No dia seguinte, não vai ter mais. No terceiro, pode ter de novo. E ninguém decide nada. Serra continua candidato e Alckmin viaja pelo país em campanha explícita, como hoje, quando se reúne com a bancada federal do partido em Brasília.
Partidos como o PT, que tem forte militância, ou o PMDB, fracionado em lideranças regionais, são habituados a decidir candidaturas em prévias. Não é o caso do PSDB, um partido de caciques. Ali, pesam eles. E tem sido sempre assim.
Por isso, é curioso quando Alckmin questiona o jantar do "triunvirato" com Serra, cobrando a ausência, não dele, mas do governador Marconi Perillo (GO). Um FHC, um Tasso e um Aécio contra um Perillo? Uma balança desbalanceada.
As pesquisas dão José Serra como mais forte, o que é intensificado pelo esforço do Planalto em dizer que Alckmin seria o adversário mais difícil. Logo, FHC, Aécio, Tasso e Arthur Virgílio acham que chegou a hora de lançar Serra e de "botar o guizo no gato", pedindo para Alckmin parar de brincadeira. Mas nada acontece. Nem Serra se lança (ou é lançado), nem Alckmin cede a legenda.
Desde novembro, dezembro, Lula constrói a história de uma vitória. Os tucanos, ao contrário, escrevem a história de uma derrota anunciada. A dúvida de pefelistas e peemedebistas de oposição é simples: se a indefinição ajudar a reeleger Lula, de quem vai ser a culpa?
Mas isso não terá a menor importância histórica. O que fica é perder.

@ - elianec@uol.com.br


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