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ELIANE CANTANHÊDE
Chuchuzinho com pimenta
BRASÍLIA - "O Brasil vai crescer pra chuchu", "Nós vamos ter emprego
pra chuchu", "Vai ser um governo
que é um chuchuzinho".
Esses motes para sua campanha à
Presidência, anunciados pelo governador Geraldo Alckmin, apelidado
de "picolé de chuchu" pelo Zé Simão,
deixam evidente o seguinte: Alckmin
tem cada vez menos de chuchu e não
vai largar o osso da candidatura.
Péssimo sinal para o PSDB, que deixa de ter tucanos para ter baratas
tontas. Num dia, vai ter prévia. No
dia seguinte, não vai ter mais. No terceiro, pode ter de novo. E ninguém
decide nada. Serra continua candidato e Alckmin viaja pelo país em
campanha explícita, como hoje,
quando se reúne com a bancada federal do partido em Brasília.
Partidos como o PT, que tem forte
militância, ou o PMDB, fracionado
em lideranças regionais, são habituados a decidir candidaturas em prévias. Não é o caso do PSDB, um partido de caciques. Ali, pesam eles. E tem
sido sempre assim.
Por isso, é curioso quando Alckmin
questiona o jantar do "triunvirato"
com Serra, cobrando a ausência, não
dele, mas do governador Marconi Perillo (GO). Um FHC, um Tasso e um
Aécio contra um Perillo? Uma balança desbalanceada.
As pesquisas dão José Serra como
mais forte, o que é intensificado pelo
esforço do Planalto em dizer que
Alckmin seria o adversário mais difícil. Logo, FHC, Aécio, Tasso e Arthur
Virgílio acham que chegou a hora de
lançar Serra e de "botar o guizo no
gato", pedindo para Alckmin parar
de brincadeira. Mas nada acontece.
Nem Serra se lança (ou é lançado),
nem Alckmin cede a legenda.
Desde novembro, dezembro, Lula
constrói a história de uma vitória. Os
tucanos, ao contrário, escrevem a história de uma derrota anunciada. A
dúvida de pefelistas e peemedebistas
de oposição é simples: se a indefinição ajudar a reeleger Lula, de quem
vai ser a culpa?
Mas isso não terá a menor importância histórica. O que fica é perder.
@ - elianec@uol.com.br
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