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Promessas monitoradas
POR 54 VOTOS a 0 e uma ausência, os vereadores paulistanos aprovaram emenda
à Lei Orgânica do Município que
obriga o prefeito a apresentar, a
cada início de gestão, um plano
de metas detalhado, com propostas mensuráveis, áreas da cidade
em que serão executadas e prazos para realizá-las. Deverá prestar contas do andamento de seus
projetos semestralmente.
A emenda, ao contrário da praxe da Câmara, foi proposta pelo
Movimento Nossa São Paulo,
que conta com o apoio de 395 entidades, entre as quais mais de 30
grandes empresas. O texto foi
aprovado com marcação cerrada
da organização sobre os vereadores. Integrantes da ONG Atletas
Pela Cidadania, entre eles Raí,
Zetti, Ana Moser, Ida e Hortência, compareceram pessoalmente à sessão na Câmara.
É verdade que o papel aceita
qualquer coisa e que o Legislativo municipal, a quem cabe fiscalizar o Executivo, tem sido no
mínimo omisso no exercício dessa função. Mesmo assim, a iniciativa tem o grande mérito de obrigar o prefeito entrante, que chega no embalo da campanha eleitoral, a fornecer uma tradução
numérica e verificável de suas
promessas, pelas quais poderá
ser posteriormente cobrado.
Políticos que deixam de cumprir compromissos não chegam
a ser uma novidade. Mas o simples fato de deles se exigir um
elenco de projetos em princípio
exeqüíveis já tende a elevar o nível do debate político, afastando
promessas mirabolantes ou demasiado vagas. Ao longo do tempo, com o acúmulo de gestões
que passarem pelo ritual, será
possível comparar o desempenho de políticos e partidos.
Seria desejável que a iniciativa
paulistana fosse replicada em
outras cidades e também em governos estaduais e no federal. A
prestação de contas é um conceito que os políticos brasileiros e a
própria população precisam assimilar melhor.
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