São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

A oposição se enfurnou

SÃO PAULO - Quem faz oposição no Brasil costuma ter vida dura. Sobretudo em início de mandato, diante de um Executivo forte. Assistimos, na semana que passou, à exibição do rolo compressor governista no Congresso durante a votação do salário mínimo. Mas não é só a brutal inferioridade numérica ou a dificuldade de se reunir em torno de uma fala alternativa consistente o que atrapalha a oposição.
Veja, leitor, essa história, ainda mal contada e muito ilustrativa da política nacional: há duas ou três semanas surgiu no PSDB a iniciativa de fazer (ou tentar fazer) uma CPI de Furnas. Seria uma forma de explorar as insatisfações na base governista, na esteira das chantagens do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que havia ameaçado jogar os segredos da estatal no ventilador se perdesse o poder de influ-ência (e outros mais) que tinha ali.
Tucanos começaram, então, a recolher assinaturas no Congresso. Até que um grupo também de tucanos mandou abafar o caso. Melhor não mexer nesse assunto. Interrompeu-se assim, no meio do caminho, a coleta de assinaturas. Um requerimento de informações à Polícia Federal também foi abortado.
A CPI seria improvável de qualquer forma. Apesar dos inimigos de Cunha no PT e no PMDB, o governo hoje teria totais condições de impedir que o assunto saísse de controle. O ponto, no entanto, não é esse.
Gente no PSDB de Minas, sobretudo, teme as consequências de uma CPI. A oposição, mais do que se ver impotente diante da máquina de guerra de Dilma, mostra-se, no caso, refém de si mesma.
A capivara envolvendo Furnas é antiga, extensa e multipartidária. Os rolos com a estatal entram e somem do noticiário de tempos em tempos, sem que ninguém se empenhe, de fato, para passar a roubança em revista.
O episódio em questão é vexaminoso para o tucanato. Ele serve para informar o que o país pode esperar da oposição. E também o que ela espera de si mesma.


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