São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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CRISE À ITALIANA

A queda do governo italiano de centro-esquerda, chefiado pelo ex-comunista Massimo D'Alema, que esteve à frente da coalizão por 18 meses, deve ser explicada mais pela crônica instabilidade do país do que por razões econômicas ou mesmo por um fracasso de seu projeto político. Foi o 57º governo da Itália desde o pós-guerra, o que dá uma média de cerca de uma administração por ano.
O que deflagrou a presente crise foi a significativa vitória da direita nas eleições regionais de domingo, mas o bode expiatório é o sistema de representação, pelo qual 75% dos deputados são eleitos pelo regime distrital e 25%, pelo proporcional. Como não há votação mínima para um partido obter cadeiras no Parlamento e nenhuma sigla consegue votações confortáveis, pequenas agremiações acabam tornando-se o fiel da balança de coalizões frágeis. O atual gabinete era sustentado por 11 legendas. D'Alema planejava promover um referendo popular para acabar de vez com os votos proporcionais.
Embora esse seja um problema real, é preciso lembrar que a Itália já viveu sob sistemas representativos diferentes, como o proporcional puro, e já teve partidos fortes, como a Democracia Cristã e o PCI, e nada disso a tornou politicamente mais estável.
Outros fatores que ajudam a explicar a crise são a reorganização do bloco direitista, que rompera em 1996, mas agora se recompôs, e o desempenho apenas sofrível da economia, abaixo das médias européias. É preciso também citar os méritos da direita em capitalizar o descontentamento com os imigrantes, principalmente albaneses, e as históricas rivalidades entre o norte e o sul do país.
A dúvida agora é se o presidente da República, Carlo Azeglio Ciampi, aponta um sucessor para D'Alema ou antecipa as eleições, inicialmente previstas para abril de 2001. Caso o pleito ocorra em breve, analistas apontam a possibilidade da volta do empresário Silvio Berlusconi à chefia de governo como líder da direita.


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