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CRISE À ITALIANA
A queda do governo italiano de centro-esquerda, chefiado pelo ex-comunista Massimo D'Alema, que esteve à frente da coalizão por 18 meses, deve ser explicada mais pela crônica instabilidade do país do que por
razões econômicas ou mesmo por
um fracasso de seu projeto político.
Foi o 57º governo da Itália desde o
pós-guerra, o que dá uma média de
cerca de uma administração por ano.
O que deflagrou a presente crise foi
a significativa vitória da direita nas
eleições regionais de domingo, mas
o bode expiatório é o sistema de representação, pelo qual 75% dos deputados são eleitos pelo regime distrital e 25%, pelo proporcional. Como não há votação mínima para um
partido obter cadeiras no Parlamento
e nenhuma sigla consegue votações
confortáveis, pequenas agremiações
acabam tornando-se o fiel da balança
de coalizões frágeis. O atual gabinete
era sustentado por 11 legendas. D'Alema planejava promover um referendo popular para acabar de vez
com os votos proporcionais.
Embora esse seja um problema
real, é preciso lembrar que a Itália já
viveu sob sistemas representativos diferentes, como o proporcional puro,
e já teve partidos fortes, como a Democracia Cristã e o PCI, e nada disso
a tornou politicamente mais estável.
Outros fatores que ajudam a explicar a crise são a reorganização do
bloco direitista, que rompera em
1996, mas agora se recompôs, e o desempenho apenas sofrível da economia, abaixo das médias européias. É
preciso também citar os méritos da
direita em capitalizar o descontentamento com os imigrantes, principalmente albaneses, e as históricas rivalidades entre o norte e o sul do país.
A dúvida agora é se o presidente da
República, Carlo Azeglio Ciampi,
aponta um sucessor para D'Alema ou
antecipa as eleições, inicialmente
previstas para abril de 2001. Caso o
pleito ocorra em breve, analistas
apontam a possibilidade da volta do
empresário Silvio Berlusconi à chefia
de governo como líder da direita.
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