São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 2002

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SALDO EM ALTA

Nos primeiros quatro meses de 2002, o comércio exterior brasileiro acumulou superávit de US$ 1,5 bilhão, o que colaborou para uma relativa melhora das contas externas. No mesmo período de 2001, a balança comercial havia acusado um déficit de US$ 561 milhões. Houve, portanto, uma variação de US$ 2 bilhões. Trata-se de um bom resultado, pois o país precisa acumular superávits comerciais para assegurar uma trajetória de crescimento menos sujeita às vicissitudes dos mercados financeiros internacionais.
Todavia o saldo comercial ainda parece pouco sustentável, pois não resulta da expansão das vendas externas, mas de uma queda menor nas exportações do que a registrada nas importações. A tendência se mantém mesmo se for excluído o efeito da crise argentina no comércio externo brasileiro. Todos os principais mercados (Mercosul, EUA, UE e Japão) compraram menos mercadorias. A retração da economia mundial e a queda nos preços das commodities (em grande parte causada pelo protecionismo e pelos subsídios dos países desenvolvidos) explicam esse fraco desempenho.
Já as importações brasileiras caíram acentuadamente na indústria de tratores, automóveis e televisores. Os maiores declínios foram registrados em equipamentos de telecomunicação, computadores e equipamentos para geração e transmissão de energia. É prematuro afirmar que esse resultado decorreu de uma agressiva substituição de importações. É mais provável que esteja associado à queda no consumo e no investimento domésticos.
Diante disso, torna-se cada vez mais premente a necessidade de políticas setoriais, mediante a oferta de infra-estrutura para uns, de estratégias de acesso a mercados para outros e de financiamento, por exemplo, para setores intensivos em capital e tecnologia. Tais medidas não necessariamente implicam mais gasto público, mas sinalização de possíveis direções, formulação de metas e exigência de contrapartidas do setor privado.



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