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CLÓVIS ROSSI
Já vendeu, Lula, já vendeu
SÃO PAULO - Não surpreende que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
diga que não pretende vender a alma
para ser reeleito. Já vendeu.
Não estou nem emitindo juízo de
valor. Apenas constato fatos.
Fato 1 - Praticamente todos os companheiros d'alma de Lula/PT já
abandonaram o barco. O PV o fez na
quinta-feira. Natural: o presidente
diz que daria um cheque em branco
para o deputado Roberto Jefferson,
presidente nacional do PTB, que foi
da tropa de choque de Fernando Collor e aliado incondicional de Fernando Henrique Cardoso. Mas expulsa
companheiros d'alma como Heloísa
Helena, entre outros.
Se essa troca de "companheiros"
não é vender a alma, o que é então
vender a alma?
Fato 2 - Um dos raríssimos pontos
que hoje caracterizam um partido de
esquerda é a defesa intransigente do
ambiente.
No governo de um partido que já
foi de esquerda como o PT, chega-se a
recordes de desmatamento. É ou não
vender a alma?
Fato 3 - A política econômica pode
ser chamada de tudo o que se quiser:
a única possível, a mais responsável,
a mais cruel, a que menos conduz ao
crescimento, a que induz a um crescimento sustentado.
Só não se pode dizer que é a política
econômica da alma do PT. Só os petistas definitivamente acomodados
às suas boquinhas ergueriam uma
estátua para o ministro Antonio Palocci, mas os banqueiros, nada acomodados, estão, sim, dispostos a erguer uma estátua para Lula -e nem
fazem questão de esconder tal ânimo.
É ou não é vender a alma?
Repito: não se trata de juízo de valor, pelo menos não hoje. O meu juízo
já o emiti desde o início do governo.
Hoje é só coletar dois ou três fatos, os
que cabem neste espaço.
Haverá até quem -talvez muitos- diga que vender a alma foi a
melhor coisa que Lula fez em sua vida pública. Mas negar que a tenha
vendido só pode fazê-lo quem não
quer ver.
@ - crossi@uol.com.br
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