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ELIANE CANTANHÊDE
Devagar com o andor
BRASÍLIA - Na época mais quente da crise do TRT-SP, encerrei a coluna de
14 de julho de 2000 assim: "Posso até
discordar radicalmente, mas não vai
faltar quem chame Eduardo Jorge de
PC Farias de FHC". Não deu outra.
Já no dia seguinte, o ex-secretário-geral da Presidência virava o "EJ".
Agora, o Ministério Público denuncia que a Prefeitura de Santo André
exigia R$ 40 mil mensais de empresa
de ônibus para campanhas do PT. No
meio da história, ou no centro dela, o
estranho Francisco Daniel, irmão do
prefeito assassinado Celso Daniel. Ele
contou (por consciência ou por ódio?)
que o dinheiro era levado ao deputado José Dirceu.
Da mesma forma como falei de
Eduardo Jorge, falo agora do presidente do PT: posso até discordar radicalmente, mas não vai faltar quem
chame Dirceu de Ricardo Sérgio do
Lula. (Ricardo Sérgio é o cara nebuloso atrelado ao tucano José Serra).
Por telefone, por e-mail e pessoalmente, da última vez na convenção
do PSDB, no sábado passado, Eduardo Jorge sempre reclama de que eu
vivia pedindo explicações para as denúncias e suspeitas contra ele e de
que está na hora de "inocentá-lo".
Jornalistas não são juízes, advogados, promotores, procuradores ou policiais para acusar ou inocentar ninguém. No máximo, conhecemos a vida pregressa dos políticos, investigamos documentos, ouvimos testemunhos e usamos indícios e provas daqueles outros profissionais. É por isso
que, também no máximo, posso registrar que todas as apurações contra
Eduardo Jorge, uma atrás da outra,
estão dando em nada -como, aliás,
já escreveu Clóvis Rossi.
Mas posso alertar que todas as investigações e versões de Santo André
devem ser feitas com rigor e em busca
da verdade. Não com intuito político-eleitoral. Em épocas de campanha, os
nervos andam à flor da pele. Que não
se pule do terrorismo do "mercado"
para o massacre moral irresponsável
de qualquer dos lados.
Apurar tudo só melhora a democracia. Deturpar com fins eleitorais é
jogar a democracia na lama. Portanto, aos fatos. Nada mais que os fatos.
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