São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
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SINAIS DE INSATISFAÇÃO

A popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso jamais foi tão baixa. A pesquisa Datafolha realizada em âmbito nacional e divulgada ontem por esta Folha revela que a avaliação de FHC caiu mais em relação a fevereiro, data da sondagem anterior, embora aquele tenha sido o período mais crítico do real e apesar de não terem sido confirmadas as piores expectativas econômicas. É verdade que o desemprego continua batendo recordes, mas a ameaça de que viesse acompanhado da volta da inflação parece hoje afastada.
É lícito supor que, além da insatisfação social derivada da crise econômica, o descrédito de FHC se deva também aos escândalos que estiveram rondando o Planalto nos últimos meses e à percepção da população de que há uma certa paralisia decisória e uma crise de autoridade em seu governo. De fato, o presidente não tem se mostrado forte o bastante para barrar os sucessivos tiroteios dentro do governismo. Mesmo quando esses não são dirigidos diretamente contra o Planalto, têm deixado por lá algumas balas perdidas.
A precipitação um tanto precoce da disputa para 2002 é um elemento perturbador a mais para um presidente hoje impopular e que precisa recompor as bases de seu governo.
Os nomes no entanto que aparecem na preferência da população para a sucessão de FHC não são aqueles que têm estado em evidência no noticiário pelo fato de provocar tumultos, contra o governo ou dentro do governismo. O governador Itamar Franco e o senador Antonio Carlos Magalhães foram pouco lembrados na pesquisa do Datafolha.
Lula aparece como líder, com 28%, o que não constitui novidade, e Ciro Gomes surpreende com 16%. É óbvio que esse resultado precisa ser muito relativizado, sobretudo quando há quase um mandato inteiro pela frente. Mas, ainda que se atribua a votação de Ciro Gomes e mesmo a de Lula à memória da última eleição, elas não deixam também de refletir uma insatisfação não só com o presidente, mas também com o establishment que ele hoje representa.


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