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SINAIS DE INSATISFAÇÃO
A popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso jamais foi
tão baixa. A pesquisa Datafolha realizada em âmbito nacional e divulgada
ontem por esta Folha revela que a
avaliação de FHC caiu mais em relação a fevereiro, data da sondagem
anterior, embora aquele tenha sido o
período mais crítico do real e apesar
de não terem sido confirmadas as
piores expectativas econômicas. É
verdade que o desemprego continua
batendo recordes, mas a ameaça de
que viesse acompanhado da volta da
inflação parece hoje afastada.
É lícito supor que, além da insatisfação social derivada da crise econômica, o descrédito de FHC se deva
também aos escândalos que estiveram rondando o Planalto nos últimos
meses e à percepção da população de
que há uma certa paralisia decisória e
uma crise de autoridade em seu governo. De fato, o presidente não tem
se mostrado forte o bastante para
barrar os sucessivos tiroteios dentro
do governismo. Mesmo quando esses não são dirigidos diretamente
contra o Planalto, têm deixado por lá
algumas balas perdidas.
A precipitação um tanto precoce da
disputa para 2002 é um elemento
perturbador a mais para um presidente hoje impopular e que precisa
recompor as bases de seu governo.
Os nomes no entanto que aparecem
na preferência da população para a
sucessão de FHC não são aqueles que
têm estado em evidência no noticiário pelo fato de provocar tumultos,
contra o governo ou dentro do governismo. O governador Itamar Franco
e o senador Antonio Carlos Magalhães foram pouco lembrados na
pesquisa do Datafolha.
Lula aparece como líder, com 28%,
o que não constitui novidade, e Ciro
Gomes surpreende com 16%. É óbvio
que esse resultado precisa ser muito
relativizado, sobretudo quando há
quase um mandato inteiro pela frente. Mas, ainda que se atribua a votação de Ciro Gomes e mesmo a de Lula à memória da última eleição, elas
não deixam também de refletir uma
insatisfação não só com o presidente, mas também com o establishment que ele hoje representa.
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