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RUY CASTRO
O cinema naquele ano
RIO DE JANEIRO - "Psicose", de Alfred Hitchcock, está fazendo 50
anos e sendo louvado em artigos,
ensaios, DVDs e retrospectivas. É
justo: a sequência do assassinato
de Janet Leigh no chuveiro marcou
o começo de um ciclo em Hollywood -nunca um filme saído de
um grande estúdio (a Paramount) e
dirigido por alguém importante se
atrevera a tal crueza.
Mas "Psicose" não foi tudo em
1960. No cinema americano, aquele
foi também o ano do eterno "Se
Meu Apartamento Falasse", de
Billy Wilder; "Spartacus", de Stan-
ley Kubrick, melhor filme bíblico de
sempre; "Sete Homens e um Destino", de John Sturges, western de
que saíram os "spaghesterns" de
Sergio Leone; "O Solar Maldito",
primeiro da série Poe por Roger Corman; do hoje atualíssimo "O Vento
Será Tua Herança", de Stanley Kramer; e de um filme que sobrevive
apenas na lembrança de uns poucos, como eu e o Sérgio Augusto:
"Uma Vida em Pecado" ("Studs Lonigan"), de Irving Lerner.
Na Itália, covardia: 1960 foi o ano
de "A Doce Vida", de Fellini; "A
Aventura", de Antonioni; "Rocco e
Seus Irmãos", de Visconti; do pungente "O Belo Antonio", de Mauro
Bolognini; e do feroz "A Maldição
do Demônio", de Mario Bava. Na
Inglaterra, cujo cinema andava de
crista baixa, foi o ano de "A Tortura
do Medo", de Michael Powell. E, na
Alemanha, de "Os 1.000 Olhos do
Dr. Mabuse", de Fritz Lang.
Na França, bastaria ter sido o ano
de "Acossado", de Godard, consagrando a Nouvelle Vague. Mas foi
também o de "A Um Passo da Liberdade", de Jacques Becker, e "O Sol
por Testemunha", de René Clément. No Japão, de "O Túmulo do
Sol", de Nagisa Oshima. E até o cinema brasileiro teve o seu dia de
mingau: os pré-Cinema Novo "Cidade Ameaçada", de Roberto Farias, e "A Morte Comanda o Cangaço", de Carlos Coimbra.
Grande ano, 1960, grandes filmes. Mas comparado aos de 1961...
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