São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011 |
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JOSUÉ GOMES DA SILVA Ainda que tardia... Competitividade ainda que tardia remete-nos à tradução da frase da bandeira de Minas Gerais, "Liberdade ainda que tardia", eloquente anseio dos inconfidentes na luta por soberania, aspiração maior de todos os povos. Nossa independência foi conquistada e podemos nos orgulhar de que estamos entre as nações mais prósperas do mundo. Porém cabe-nos manter eterna vigilância. Atingir alto grau de desenvolvimento não significa que tal status será mantido eternamente. Outras nações conquistaram patamar de prosperidade elevado e assistiram a retrocessos dramáticos, que lhes impuseram pesado custo social. No Brasil, muitas vitórias foram alcançadas, especialmente depois da retomada da democracia. E não foram poucas: controlamos o dragão inflacionário; reduzimos nossa vulnerabilidade externa com a acumulação de reservas internacionais de US$ 350 bilhões; começamos a resgatar parte de nossa dívida social ao retirarmos mais de 35 milhões de brasileiros da pobreza, incluindo-os no mercado de consumo; melhoramos muito a qualidade de nossos produtos e serviços. Um problema que se arrasta há mais de duas décadas e impõe pesado ônus é a baixa competitividade. Toda a nossa economia sofre com isso, não apenas o setor produtivo. Não é de hoje que se fala do famigerado "custo Brasil". Entretanto ele persiste, reduzindo nossa capacidade de competir na economia global. Continuamos enfrentando impostos e juros exagerados, burocracia, logística deficiente e cara, baixa qualidade no nosso sistema de ensino, precariedade da segurança e da saúde públicas, pesquisa e inovação aquém das necessidades e baixa oferta de financiamento de longo prazo fora do âmbito do BNDES. Diferentemente de outros países -como Alemanha, Japão e Coreia do Sul-, não alcançamos o nível ideal de competitividade. Eles investiram em educação e inovação como grande motor do aumento da produtividade e o centro da agenda de suas políticas industriais. É verdade que grande parte de nossos setores produtivos já tem níveis mundiais de excelência, e não é competitiva por fatores que estão além de seu alcance -os velhos gargalos do "custo Brasil". Esses obstáculos estavam encobertos. Agora, contudo, o câmbio sobrevalorizado estabeleceu o limite. Com o valor elevado do real, a água do rio abaixou e as pedras em seu leito já são visíveis. É hora de conquistar a competitividade, fator decisivo para garantir crescimento sustentado, empregos e justiça social. Por isso, vejo no lema da bandeira mineira o chamamento necessário: competitividade ainda que tardia! JOSUÉ GOMES DA SILVA escreve aos domingos nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Metástase Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Alfredo Bosi: Angra 3 é uma questão ética Índice | Comunicar Erros |
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