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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Mais energia hídrica, mais álcool e menos desemprego

No início de agosto, recebi um relatório sobre o aproveitamento da energia hídrica existente na China. Impressionou-nos sobremaneira o capítulo que aborda o aproveitamento de pequenas usinas hidrelétricas no território chinês ("News Letter of the Asia-Pacific for Small Hydro Power").
Quando se fala em hidreletricidade na China, pensamos logo no gigante, aliás combatido por muitos especialistas na construção da chamada usina das Três Gargantas, no rio Yangtze.
Para minha surpresa, o artigo cita que, em matéria de pequenas hidrelétricas, a China possui um total de 40 mil turbinas, a grande maioria construída no meio rural.
Para que tenhamos uma idéia clara, esse potencial representa a capacidade de 28,79 mil megawatts -o que, grosseiramente, representa duas usinas de Itaipu e, ao mesmo tempo, equivale a apenas 40% do potencial de pequenas usinas a serem desenvolvidas no território chinês, que poderia atingir 72 mil megawatts.
Aumentando as quantidades do fornecimento de etanol (derivado da cana-de-açúcar), podemos diminuir de maneira significativa a poluição gerada pelos automóveis em nosso país, gerando simultaneamente um número representativo de empregos, exatamente na hora em que o desemprego ainda é elevado.
Aumentando a produção de álcool etílico e, consequentemente, elevando o percentual de etanol na gasolina, teríamos uma natural diminuição da poluição no setor automobilístico. Caberia ao governo fazer cumprir o compromisso assumido pelos agricultores de entregar suas cotas, sob pena de elevada multa, retendo assim o desvio da produção de álcool quando o açúcar aumentar de preço.
Creio, salvo melhor juízo, que é uma propositura a ser seriamente estudada. Hoje, 77% da energia gerada no mundo tem origem fóssil -ou seja, carvão, petróleo e gás natural. Lembramos que os subsídios para a geração de energia fóssil no mundo representam aproximadamente US$ 120 bilhões por ano.
Li em várias teses que nos EUA foram desenvolvidos combustíveis cujos nomes são M85 e E85. Isso significa que, representando o M metanol e o E etanol, 85% do combustível é metanol ou mesmo etanol, e os restantes 15%, gasolina comum. Com isso, a redução da poluição seria excelente.
As áreas agrícolas do Brasil são excelentes. Se esse problema for levado a sério, creio que em pouco tempo teremos resolvida uma grande parcela do desemprego.
A nossa maior poluição, infelizmente, deve-se aos automóveis, principalmente nos grandes centros.
No Brasil, graças a uma enorme bacia hídrica, até hoje apenas 30% das quedas-d'água na nação são efetivamente transformadas em energia.
Nós e a Noruega somos os dois países que detêm mais de 50% de energia renovável. Em verdade, esse número no Brasil se aproxima dos 60%, para a satisfação de todos os brasileiros.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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