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Golpe na Tailândia
NÃO É propriamente uma
surpresa o golpe de Estado na Tailândia. Rumores
de que os militares poderiam
tentar destituir o premiê Thaksin Shinawatra rondavam Bancoc havia meses. O próprio general Sondhi Boonyaratkalin, mentor da aventura, chegou a "desmentir" alguns dos boatos.
Thaksin, eleito em 2001, fez
um governo controverso. Tem
prestígio nas camadas populares, mas desagradou às elites urbanas. É acusado de favorecer
amigos e seus próprios negócios,
que incluem um império no setor de telecomunicações.
O "erro" do premiê, que parece
ter irritado a cúpula militar, precipitando a crise, foi tentar aumentar sua influência nas Forças Armadas promovendo jovens oficiais amigos seus. Enquanto Thaksin estava em Nova
York se preparando para discursar na Assembléia Geral das Nações Unidas, tanques tomavam
posições estratégicas em Bancoc.
A partir daí o golpe seguiu a receita clássica: a Constituição foi
suspensa, colaboradores do premiê, detidos, e manifestações,
proibidas. Como é de praxe na
Tailândia, os golpistas logo correram ao rei Bhumibol para pleitear sua bênção. O general Sondhi prometeu entregar o poder
aos civis "logo que possível". Antes, deverá conceder ao país uma
nova Carta. A única boa notícia é
que, ao menos por ora, não houve derramamento de sangue.
É lamentável constatar que depois de um hiato de 15 anos, no
qual a democracia parecia finalmente ter-se fixado nas terras do
Sião, o país volta a experimentar
as desventuras de um golpe de
Estado. Se Thaksin de fato mostrou-se indigno do cargo, deveria
ser retirado do posto pelo voto
ou pelas instituições, não pela
ambição de um general.
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