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FERNANDO RODRIGUES
Sobre a incidência de raios
BRASÍLIA - Do ponto de vista da
sua popularidade, Lula já teve dois
eventos de alta octanagem contra
si. O primeiro, o mensalão, eclodiu
em junho de 2005. O segundo, o
dossiegate, em setembro de 2006.
Estão separados entre si por um período de quase 16 meses.
A grande pergunta que os petistas
se fazem no momento é sobre a
chance de um raio dessa proporção
cair novamente no mesmo lugar
antes da realização do segundo turno, daqui a oito dias.
Um raio, nesse caso, teria de ser
um fato capaz de inverter a vantagem de cerca de 20 pontos percentuais que Lula tem sobre Geraldo
Alckmin. Não se enquadra nessa categoria o eventual envolvimento de
petistas como José Dirceu ou Ricardo Berzoini na produção do dinheiro sujo para comprar o dossiê
contra tucanos. Dirceu e Berzoini,
como se diz no mercado, e agora na
política, "já estão precificados".
Certeza ninguém tem, mas os petistas apostam na discrição dos
"meninos aloprados" do partido
neste momento. Com essa esperança recôndita, os governistas já começam a comemorar discretamente a possibilidade de Lula igualar
nesta eleição a sua votação de 2002,
na época em que "a esperança venceu o medo" (sic).
No segundo turno há quatro
anos, o petista teve 61,3%, contra
38,7% do tucano José Serra. Uma
diferença de 22,6 pontos, considerando-se os votos válidos.
Se Lula se aproximar desse patamar numa eventual vitória, exorcizará parte considerável do raquitismo eleitoral vivido na véspera do
primeiro turno. Há menos de um
mês, esteve perto de conquistar a
reeleição por uma diferença de apenas alguns milhares de votos. Agora, em tese, pode ficar mais de 10
milhões à frente de seu oponente.
Tudo, por óbvio, se o raio não cair
de novo no mesmo lugar.
frodriguesbsb@uol.com.br
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