ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Está comprovado: quando Fernando Henrique Cardoso cai, quem sobe em São Paulo é Paulo Maluf, e quem sobe no país é Ciro Gomes.
Uma nova pesquisa entregue ao Planalto mostra que Ciro tirou a melhor casquinha das agruras de FHC com a instabilidade da economia, o aumento dos juros e o pacote 51.
Quem viu conta que Ciro deixou de ser o lanterninha. Aparece num cruzamento com cerca de 10%, e em outro, de 15%. É um desempenho expressivo, especialmente porque o ex-governador anda sumido da mídia e das fofocas políticas desde que trocou a condição de dissidente do PSDB pela de candidato do PPS.
A pesquisa só atingiu casas com telefone, mas detectou uma queda do presidente também entre segmentos pobres e menos informados -aqueles que tendem a votar sempre no governo de ocasião. Essa queda foi no prestígio do presidente e na intenção de voto no candidato.
Um dado importante é que, sem Itamar ou Sarney na disputa, FHC se mantém onde está e Ciro cresce. Quem não quis FHC até agora continua não querendo. E busca alternativas.
Foi confirmado, ainda, que Lula e o PT não estão capitalizando eleitoralmente o desgaste de FHC com a crise. Uma pesquisa anterior do Datafolha em São Paulo favoreceu Maluf, à direita. Essa de agora, nacional, identificou o crescimento de Ciro, que tenta ser a opção de centro-esquerda. Lula não se moveu.
Nada disso autoriza a conclusão de que FHC está despencando. Nem a previsão de que poderá ser obrigado a abdicar da candidatura em favor de Mário Covas, que recuperaria o PSDB mais puro, expurgaria o neoliberalismo e atrairia parcelas da esquerda e até o próprio Ciro Gomes.
Cristaliza-se, apenas, a sensação de que o desempenho de FHC em 1998 está cada vez mais condicionado à economia. Lula pode repetir a trajetória declinante de Brizola e Quércia, e Ciro não está assim tão completamente fora do páreo.

Do ex-líder governista Benito Gama (PFL-BA): "Se não tivesse o Proer, aí é que o Brasil tinha ido para o vinagre".



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