|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VINICIUS TORRES FREIRE
Uma discussão burríssima
SÃO PAULO - É uma discussão muito burra essa de Palocci e Dilma.
Não há debate sério sobre gastos
públicos e juros sem considerar ao
menos o médio prazo (cinco anos).
Sem conectar a discussão da dívida
pública com o nível desejado da inflação, o que depende ainda de travas
estruturais da economia.
O governo do PT fixou apenas um
objetivo, atingir uma inflação baixa
demais, em prazo curto demais, para
uma economia inflexível demais e
por demais sujeita a choques, meta
administrada por um Banco Central
inepto, que ignora a vida das empresas, sua capacidade de investir e reagir à demanda maior. Essa meta insana determinou o tamanho do gasto
público. Não dá para mexer nisso no
curto prazo sem criar confusão.
Um programa de médio prazo teria
meta de inflação cadente, mas realista e flexível. Haveria algum alívio para o gasto público. Mas pouco. E isso é
só parte do problema.
É preciso limpar o entulho burocrático e o inferno fiscal que entrava empresas e mercado. Reduzir custos trabalhistas (sem a safadeza de cortar
direitos que na verdade são salário,
como férias e 13º. Mas a multa da demissão é irracional).
É preciso abrir a economia. A presente política comercial é besteira
protecionista. Quais setores é preciso
abrir para tornar a economia mais
eficiente e exportadora? Como preparar as empresas para a competição?
É preciso que o Estado invista em
tecnologia. As empresas do país são
pequenas e tímidas, não gastam em
pesquisa. Esse é o grande investimento em infra-estrutura hoje, que no caso do Brasil tem de ter Estado.
É preciso privatizar estradas e bancos, afora BNDES e um federal. Acabar com as ineficientes vinculações
do Orçamento e com subsídios para
classe média e zonas francas.
É preciso desfazer o nó legal e financeiro que bloqueia investimentos em
saneamento e casa popular. Dar título de propriedade para favelado.
A economia é um monstro travado,
anti-social e anticapitalista, que encarece a empresa privada e as políticas públicas. Para destravá-la, é preciso governo. Quando virá um?
@ - vinit@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: MERCADO CAMBIAL Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Ronivon é o Brasil Índice
|