São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Corações de estudantes

JOSÉ VICENTE


A revolução mais vistosa produzida pelo novo sentido da educação brasileira é a chegada dos negros ao ensino superior, uma grande vitória


Decisivamente, a educação tem galvanizado a discussão social e se internalizado incontroversamente como fundamento indispensável de sustentabilidade econômica e social do país.
Com razão, seja pelos imperativos da modernidade tecnológica, seja pelas necessidades das novas tecnologias sociais, viver, sobreviver e prosperar passou a ser tarefa complexa, exigindo de pessoas e nações novas e aprofundadas competências, refinada capacidade criativa e extrema habilidade de montagem e gestão de estratégias.
Educação de qualidade, inclusiva, que valorize a diversidade étnico-racial, fundada nos valores da cidadania e instituída como valor social, além de promover acesso ao conhecimento qualificado e melhoria de talentos e qualidade de cidadãos, promove a equalização de oportunidades entre diferentes, democratiza o acesso aos espaços de prestígio social, permite a integração e a participação intensa nas discussões das prioridades e escolhas nacionais. Esse deve ser o sentido inexorável da nova educação.
Enquanto essas premissas permeiam lentamente a nova educação brasileira, a boa nova é que a educação está chegando aonde mais precisava chegar: às classes menos favorecidas. De 2002 a 2009, as classes C e D passaram de 7,3% para 15,3% dos discentes, e pesquisas apontam que nesse grupo social é intenso o otimismo e a confiança na educação como bem duradouro para promoção de melhoria de vida e ascensão social.
Mais, a revolução mais vistosa produzida pelo novo sentido da educação brasileira é a chegada dos negros ao ensino superior.
Somados os programas federais e estaduais de ações afirmativas, como o ProUni e as cotas, e as parcelas significativas de negros que compõem as classes C e D, a partir deste ano, mais de 30 mil jovens negros formados chegam ao mercado.
Uma extraordinária vitória para toda a sociedade brasileira.
A Faculdade Zumbi dos Palmares tem muita honra de contribuir para a construção desses novos valores e de ser uma das pioneiras nessa construção.
Com 90% dos seus 1.700 alunos negros autodeclarados, 30% deles inscritos em programas de trainee em ambiente corporativo e 50% dos seus formandos efetivados em conceituadas empresas do país, a faculdade tem tido papel de extrema relevância para tornar o caminho da inclusão do negro na sociedade brasileira pela educação cada vez mais livre.
Honrados e agradecidos, na noite de 15 de novembro, na Sala São Paulo, entregamos a oitava edição do Troféu Raça Negra, em homenagem àqueles que contribuem para que nosso sonho se torne todo dia realidade; a todos os que acreditam na capacidade de revolução da educação e que entendem a diferença como talento e criatividade para aprimoramento e mudança.
Erguemos um brinde à nossa crença de construir o novo e de melhorar o futuro.
Mandamos nossas notícias do lado de cá ao menestrel Milton Nascimento, o grande homenageado da noite, e reafirmamos a ele e a nós mesmos nosso permanente compromisso de continuar a cuidar da vida, da amizade, do sonho espalhado no caminho; de cuidar da nossa juventude e da nossa fé de coração de estudante.


JOSÉ VICENTE, advogado, mestre em administração e doutorando em educação pela Universidade Metodista de Piracicaba, é reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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