São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Dicionário do ódio
"É lamentável a Folha ceder espaço na importante seção "Tendências/Debates" para a promoção de um verdadeiro dicionário do ódio ("Judaísmo, anti-semitismo, sionismo", 20/1). Pelo artigo, o leitor inteira-se de que, diante dos judeus, pode escolher entre três opções. Se for um bom cristão ou um bom muçulmano, é "compreensível" ser antijudeu. Se tiver consciência política, é "legítimo" ser anti-sionista. A terceira opção, que, de acordo com o autor, não corresponde a nenhuma das anteriores, é a de ser anti-semita, "inaceitável" por ser racista. Em qualquer dos casos, resta aos leitores uma opção de ódio aos judeus. E não surpreenderia o autor se o ódio fosse acompanhado de ataques suicidas."
Enrique Mandelbaum (São Paulo, SP)

 

"O professor Mateus Soares de Azevedo, corajoso, expõe polêmico tema, interpretando, ensinando e discernindo o que fanáticos (existem em todos os lados) preferem traduzir como propaganda antijudaica, racismo... Quando será que a liberdade de opinião deixará de ser confundida com anti-sionismo ? Definitivamente, devemos parar de confundir o sionismo, que se julga acima da própria ordem internacional (alguém conhece alguma resolução da ONU atendida por Israel ?), com a soberania absoluta que cada Estado tem. É certo que convencer radicais não é arte fácil, pois um copo emborcado nem as cataratas encherão. Mas todos saberão por que não foi enchido."
Eri Eloar Musskopf (Giruá, RS)

Planejamento familiar
"Excelente o artigo de Marcelo Medeiros publicado ontem ("Os filhos dos pobres", pág. A3). Com base em estudos do Ipea, o autor afirma que, dado o nível de fecundidade atual, inclusive o das mulheres mais pobres, o efeito de planejamento familiar adicional praticamente não reduziria a pobreza. Desmascara com propriedade o grande e eterno argumento das elites: o de que o pobre é pobre porque quer. Esse biombo tem sido usado para esconder o óbvio: que a desigualdade social é a grande responsável pela pobreza no Brasil. Em 1960, a renda per capita do 1% mais rico era 57 vezes superior à dos 10% mais pobres, o que já era um absurdo. Em 2000, a relação aumentou para 151 vezes. É isso o que o governo Lula precisa atacar. Ou vamos repetir essa indecência no próximo ciclo de crescimento?"
José Pascoal Vaz (Santos, SP)

 

"Muito interessante o artigo "Os filhos dos pobres". É importante frisar que a contracepção ou a concepção são decisões de cada pessoa. Acredito que os ministérios responsáveis pelo planejamento familiar saberão respeitar os princípios assumidos pelo governo brasileiro na Conferência de População e Desenvolvimento de 1994 e garantir a autonomia da decisão individual sobre o número de filhos que se quer ter, se querem mesmo tê-los e como fazer isso."
Dulce Xavier (São Bernardo do Campo, SP)

Demora
"Afinal, o que faz com que o presidente Lula demore tanto em concretizar a reforma ministerial, que, por meio do ministro José Dirceu, vem sendo anunciada há meses? Vários ministros, como José Graziano, Benedita da Silva, Ricardo Berzoini, Roberto Amaral (que, pelo menos, pediu demissão), Humberto Costa e Miro Teixeira, já tiveram suas substituições confirmadas dezenas de vezes pelo Planalto. Por isso estão completamente sem força. Mas, se não os demite nem os mantém em definitivo, o presidente da República contribui para paralisar a sua própria administração e cria um vazio profundamente negativo. Ministros de permanência incerta não têm capacidade de agir. E a ação de cada um deles é fundamental para o país. Por que o presidente não usa o seu poder? Não se pode exercer o governo baseando-se em amizade aparente. Até porque amigos que causam desgaste na realidade não são amigos, e sim inimigos."
Pedro do Coutto (Rio de Janeiro, RJ)

Convocação extraordinária
"Como cidadão brasileiro, contribuinte assíduo com meus impostos, fico indignado ao ver essa pouca-vergonha no Congresso Nacional. Mas, pelo menos, 11 parlamentares tiveram um mínimo de bom senso -ou um pouquinho de vergonha na cara?- e devolverão o absurdo salário de R$ 25.440 que vão receber por 20 dias de "trabalho". Enquanto isso, a grande maioria vive com R$ 240. Eu pergunto: onde estão os cara-pintadas? A juventude brasileira não lê jornal, não vê televisão, não se revolta com essas atitudes dos que "comandam" o país?"
Valdemir Sebastião Pagoto (Pirassununga, SP)

Avião
"O brilhante artigo de Elio Gaspari de ontem ("O AeroLula e a Mbeki Airline", pág. A8) traduz o sentimento de desalento que devasta muitos milhões de brasileiros, que, na esperança de dias melhores, confiaram seu voto no candidato Lula. Devemos avaliar nossos governantes pela tarefa que realizam. Se alguém nada mais faz do que comprar Omega australiano, Airbus europeu, roupão de pano egípcio e cigarrilhas holandesas -além, é claro, de produzir CO2 pela respiração-, equipara-se a um organismo inferior. Nosso país precisa desesperadamente de uma força de elite para se colocar acima da mediocridade e da estupidez que praguejam pelo mundo afora. Lembro aos políticos que seu lugar de trabalho é um posto de luta pela fração da humanidade que o rodeia e que é o seu povo -com o qual partilhará todas as vicissitudes. E nós sabemos como é difícil remover da rotina a inércia e passarmos de um mundo em que poucos têm muito para outro em que muitos tenham o suficiente para viver com dignidade."
Marcelo de Campos Pereira (São Paulo, SP)

Identificação
"Tenho lido a respeito do problema do fichamento de norte-americanos e acho que existe, sim, uma idéia de retaliação contra a decisão dos americanos de ficharem brasileiros. Sou contra essa retaliação e ela me parece uma equivocada decisão judicial com base em princípios que superam a competência interna da Justiça brasileira, pois interfere nas relações externas entre países, o que deveria ser controlado pela área diplomática. Acho estranho que a diplomacia brasileira tenha delegado ao Judiciário uma decisão dessa envergadura."
Fábio André Balthazar (São Paulo, SP)

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