São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Não!
"Após 24 anos de militância no PT, partido que ajudei a construir, achei que havia construído um sonho, mas, na verdade, ajudei a construir um pesadelo. Começou com a "reforma" da Previdência, a leis das falências, a renegociação com o FMI, as alianças espúrias etc. Agora, corrupção! Em meu nome, não! Em nome dos trabalhadores que ajudaram a construir um sonho, não!"
Mário Balanco, ex-membro da executiva zonal do PT centro (São Paulo, SP)

Campanhas
"Com a explosão do último escândalo de corrupção eleitoral a envolver o atual partido do governo federal, alguns paladinos do Parlamento e da base de sustentação já se articulam para que, doravante, as novas campanhas tenham financiamento público em todos os níveis. Quer dizer que nós, que já bancamos indiretamente os dizimistas do PT -que, aliás, hoje estão mais para "vigesimistas'-, teremos agora de fazê-lo forçosa, aberta e duplamente? Contribuinte partidário compulsório? "Tô" fora."
Ayres Pereira Filho (Campinas, SP)

Frustrante
"A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter, pelo segundo mês consecutivo, a taxa Selic em 16,5% ao ano, foi meramente protocolar e frustrou mais uma vez o setor produtivo nacional. Desde o final do ano passado, havia evidentes condições para uma redução mais acentuada dos juros. As taxas atuais prejudicam principalmente as pequenas e médias empresas que fornecem ao varejo, já que as maiores conseguem financiamento externo a taxas menores. A falta de opções de crédito barato pode prejudicar o desempenho da indústria de equipamentos para o varejo, sobretudo o desempenho das empresas que pretendem entrar no mercado de exportação. Fica difícil concorrer com países como o México, cujos empresários conseguem financiamento a juros de 6% ao ano."
Marcos Andrade, presidente da Abiesv -Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos e Serviços para o Varejo (São Paulo, SP)

Privatização do público
"Concordo com as críticas em relação ao fechamento de ruas na cidade de São Paulo ("Lei permite fechar rua ao criar condomínio", Cotidiano, 17/2). É vergonhoso virar a esquina e dar de frente com uma guarita particular instalada em uma rua pública. A Chácara Flora, o Morumbi, a Granja Julieta e outros bairros estão abarrotados dessa mesquinharia. Mudar a legislação para favorecer poucos é uma ofensa à cidadania. É lamentável que o poder público se preste a discutir essa prática, que insulta o cidadão que paga os mesmos impostos que esses privilegiados pagam. Por que não discutir a calçada pública? A acomodação de rampas e escadas em novos empreendimentos é feita sobre a calçada pública, porque ali não há dono. Então o pedestre que se lasque."
Carlos Penna, arquiteto (São Paulo, SP)

Drogas
"Geralmente se escreve muito nesse espaço do leitor para criticar a atuação dos nossos legisladores. E geralmente as críticas são bastante fundamentadas. Nossos representantes às vezes se esquecem do que são e a quem devem representar. No entanto é imperativo, para ser justo, parabenizá-los pela aprovação do projeto que cria o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas. Trata-se de um avanço da nossa legislação, que fica, a partir de agora, mais moderna e condizente com a realidade da sociedade brasileira. A hipocrisia que geralmente prevalece no Brasil quando se discute a questão das drogas deu lugar ao bom senso. É uma surpresa bastante bem-vinda. Tomara que essa ousadia e essa coragem de enfrentar as críticas dos setores conservadores se expandam para outros campos de atuação do nosso Congresso Nacional. Desta vez, os deputados estão de parabéns."
Bernardo Jurema (Recife, PE)

 

"É irresponsável a subparte do projeto em tramitação no Congresso sobre a dependências de drogas que permite que o dependente trate-se se quiser. Dependência de drogas é doença associada a outras doenças psiquiátricas de maior ou menor gravidade e com amplo prejuízo individual, familiar e social. Não há comparação entre o uso de maconha por um deprimido, por exemplo, com o uso de cocaína injetável num caso de transtorno grave de personalidade com grande potencial "criminógeno". Nestes casos, o tratamento médico psiquiátrico deve ser obrigatório para tratar o dependente e proteger a sociedade. Não perguntamos a um infartado se ele quer se tratar. Em dependência de drogas o risco é ainda maior. O dependente, antes de morrer, pode matar. O pretenso humanismo do projeto é falso e, se aprovado, esse projeto será responsável pelo agravamento das dependências de drogas e da criminalidade."
Ivan Leite Albanese, médico psiquiatra (Sorocaba, SP)

Sindicato
"Na edição de domingo passado, 15/2, este jornal trouxe a reportagem "Sindicato patronal é posto em xeque" (Dinheiro, pág. B1), na qual as jornalistas que assinam a reportagem começam afirmando que "o governo está disposto a extinguir os sindicatos patronais caso os empresários não aceitem mudar a forma de organização dessas instituições". Em relação a essas afirmações, venho prestar os seguintes esclarecimentos: 1) a reforma da estrutura sindical brasileira vem sendo cuidadosa e detalhadamente negociada entre representantes do governo, dos empregadores e dos trabalhadores no âmbito do Fórum Nacional do Trabalho, instituição tripartite criada com esta finalidade; 2) em nenhum momento os representantes do governo apresentaram proposta no sentido de extinguir os sindicatos patronais. A idéia não foi nem sequer cogitada. Este governo defende o princípio de que todos devem ter total liberdade de escolher a melhor forma de organização que entenderem como meio de defender seus direitos; 3) no decorrer das negociações, a bancada de representantes do governo apresentou, a pedido das bancadas de trabalhadores e de empregadores, propostas para aprimorar a forma de representação das instituições. Nesse sentido, as negociações vêm avançando com expressivo empenho das três partes envolvidas; 4) as jornalistas que assinam a reportagem entrevistaram-me, por telefone, e, durante a conversa, perguntaram repetidamente sobre a participação da bancada dos empregadores na negociação. Em todos os momentos respondi que a posição da referida bancada era de abertura à negociação. Quero deixar claro, portanto, que a afirmação relativa à posição do governo não condiz com a realidade nem representa a verdade dos fatos."
Osvaldo Martines Bargas, coordenador-geral do Fórum Nacional do Trabalho e secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (Brasília, DF)

Resposta das jornalistas Claudia Rolli e Fátima Fernandes - A informação de que o governo pode enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei sem considerar a existência de sindicatos patronais foi confirmada por integrantes da coordenação do Fórum Nacional do Trabalho.


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