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RADICAIS CONTIDOS
Não resta dúvida de que a vitória do Hamas na eleição palestina tornou ainda mais improvável
a paz no Oriente Médio. As autoridades israelenses reagiram. Classificaram o novo governo palestino como
terrorista e suspenderam a transferência de US$ 55 milhões mensais
em taxas que coletavam para a Autoridade Nacional Palestina.
O argumento israelense faz sentido. Não se pode esperar que um Estado financie uma organização que
prometeu destruí-lo. Até aqui, apesar
de apelos de diversas partes, o Hamas recusou-se a suspender suas atividades terroristas e a reconhecer o
direito de Israel à existência.
Apesar de ter adotado sanções contra o governo do Hamas, Israel optou
por não tomar as medidas mais duras. Foram descartados o fechamento das fronteiras para trabalhadores
palestinos e a suspensão de todo comércio bilateral, atos que levariam a
precária economia palestina à ruína.
A estratégia de Israel é colocar o
Hamas sob intensa pressão. Nos cálculos israelenses, ou bem o grupo
extremista reconhece o Estado judeu
e aceita o diálogo, ou enfrentará tantas dificuldades para administrar os
territórios palestinos que se tornará
um governo impopular. O risco é
que os palestinos creditem um eventual fracasso da gestão Hamas às dificuldades criadas pelos israelenses,
o que poderia até tornar a organização mais forte politicamente.
O Hamas também evita um confronto aberto. Não realizou atentado
após a vitória e escolheu para o posto
de premiê Ismail Haniyeh, um moderado para seus padrões. Acena
com a formação de um governo de
coalizão que poderia incluir o Fatah,
do presidente Mahmoud Abbas.
O fato de nenhum lado ter radicalizado tanto quanto poderia é um bom
sinal. Não basta para levá-los à mesa
de negociação, mas evita a deterioração de um quadro já bem ruim.
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