São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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RADICAIS CONTIDOS

Não resta dúvida de que a vitória do Hamas na eleição palestina tornou ainda mais improvável a paz no Oriente Médio. As autoridades israelenses reagiram. Classificaram o novo governo palestino como terrorista e suspenderam a transferência de US$ 55 milhões mensais em taxas que coletavam para a Autoridade Nacional Palestina.
O argumento israelense faz sentido. Não se pode esperar que um Estado financie uma organização que prometeu destruí-lo. Até aqui, apesar de apelos de diversas partes, o Hamas recusou-se a suspender suas atividades terroristas e a reconhecer o direito de Israel à existência.
Apesar de ter adotado sanções contra o governo do Hamas, Israel optou por não tomar as medidas mais duras. Foram descartados o fechamento das fronteiras para trabalhadores palestinos e a suspensão de todo comércio bilateral, atos que levariam a precária economia palestina à ruína.
A estratégia de Israel é colocar o Hamas sob intensa pressão. Nos cálculos israelenses, ou bem o grupo extremista reconhece o Estado judeu e aceita o diálogo, ou enfrentará tantas dificuldades para administrar os territórios palestinos que se tornará um governo impopular. O risco é que os palestinos creditem um eventual fracasso da gestão Hamas às dificuldades criadas pelos israelenses, o que poderia até tornar a organização mais forte politicamente.
O Hamas também evita um confronto aberto. Não realizou atentado após a vitória e escolheu para o posto de premiê Ismail Haniyeh, um moderado para seus padrões. Acena com a formação de um governo de coalizão que poderia incluir o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas.
O fato de nenhum lado ter radicalizado tanto quanto poderia é um bom sinal. Não basta para levá-los à mesa de negociação, mas evita a deterioração de um quadro já bem ruim.


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