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DESEMPREGO ENTRE POBRES
Embora o desemprego tenha se generalizado no mundo atual, os países
pobres tendem a sofrer mais.
Segundo pesquisa realizada pelo
economista Márcio Pochman, da
Unicamp, em 1979 o desemprego
nos países do G-7 representava
30,1% do desemprego no mundo.
Essa participação caiu para 22,1% em
1989 e, em 1998, chegou a 16,9%.
Vários fatores contribuem para esse
aprofundamento relativamente
maior do desemprego em países
mais pobres. Há fatores de natureza
demográfica. As taxas de natalidade
caíram mais nos países mais ricos,
enquanto nos mais atrasados o controle da natalidade em muitos casos é
falho ou inexistente. O desemprego
tende a ser maior em populações
com taxas mais altas de crescimento.
Outro fator relevante é o desenvolvimento tecnológico desigual. Nos
países mais ricos ocorreu uma verdadeira revolução tecnológica nos últimos 20 anos. O processo eliminou
empregos, mas também criou oportunidades novas, em especial no setor de serviços e nas fronteiras da tecnologia da informação.
Os países menos desenvolvidos são
importadores dessas tecnologias e
sofrem com intensidade relativamente maior os efeitos da automação, ou seja, o lado negativo da revolução tecnológica.
Finalmente, é importante reconhecer que, apesar da onda generalizada
de redução no tamanho do Estado, a
velocidade e a intensidade desse processo foram maiores em grandes
países em desenvolvimento. Do México ao Brasil, passando pela Rússia
e pelo Leste Europeu, o desmonte de
modelos estatistas e o fim do comunismo geraram contingentes crescentes de novos desempregados.
Essas assimetrias tendem a se agravar. Sociedades mais pobres, com
desemprego crescente, tornam-se
ainda mais pobres e, assim, geram
menos investimentos e oportunidades de emprego. Desse ponto de vista, apesar de toda a globalização, sob
o aspecto social o mundo parece recuar aos padrões do século 19.
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