São Paulo, Segunda-feira, 22 de Março de 1999
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PAINEL DO LEITOR

A volta da inflação

"Fiquei lisonjeado com as declarações da primeira-dama, Ruth Cardoso, quando ela disse que a crise econômica não afetará os pobres (14/3).
Mas faço uma pergunta: será que ela foi ao supermercado nessas últimas duas semanas comprar frango, iogurte, pão francês? O aumento dos combustíveis eu preferi esquecer pois pobre, ao que parece, não tem carro."
Sebastião Paulo Tonolli (São Paulo, SP)
"Combustíveis, energia, comunicações, transportes, remédios etc. Todos esses itens tiveram seus preços reajustados após as mudanças no câmbio. Quando os aumentos de preço acontecem, o governo não está nem aí.
Mas quando se trata dos reajustes salariais, as autoridades reagem prontamente, dizendo que ocasionam o retorno da inflação."
Luiz C. Rangel (Petrópolis, RJ)

Recursos para o cinema

""O cinema brasileiro entra no Primeiro Mundo", caderno especial publicado pela Folha em 18/3, teve o mérito de chamar a atenção do público para alguns dos principais problemas que a indústria cinematográfica vive atualmente.
Contudo, em seu estilo usual de criticar a tudo e a todos, mesmo se e quando os personagens e criações em foco estejam tendo êxito e reconhecimento da sociedade, a Folha não resistiu à tentação de chamar o cinema brasileiro de "mal feito, mal exibido e mal falado". Só faltou acrescentar: "mal amado" por desejo e ação, também, de uma imprensa que, cada vez mais, informa indevidamente seus leitores.
Por exemplo, o caderno diz: "A captação de recursos para o cinema via Lei do Audiovisual caiu de quase R$ 80 milhões, em 97, para menos de R$ 40 milhões em 98" (pág. 3). Se tivesse tido o cuidado de checar os dados reais no Ministério da Cultura, o jornal poderia ter informado os seus leitores que, em 97, o cinema brasileiro recebeu investimentos de mais de R$ 98 milhões, por meio das leis de incentivo à cultura e, em 98, ano que se iniciou e que terminou em crise econômica, recebeu mais de R$ 65 milhões para o seu desenvolvimento.
De 1995 a 1998, o investimento público global no cinema brasileiro, por meio dos mecanismos de incentivo implementados pelo governo, foi de R$ 260 milhões, superior aos investimentos feitos pela Embrafilme em todo o seu tempo de existência (cerca de US$ 12 milhões/ano). Por isso -mas, certamente, também por outras razões como a excelência e a criatividade de nossos diretores e artistas- foram concluídos, nos últimos quatro anos, 74 filmes e, hoje, existem 66 em fase de finalização, 71 em fase de produção e 424 em fase de pré-produção.
Os tempos são difíceis, mas não reconhecer essa vitalidade é o mesmo que querer rebaixar a nossa auto-estima."
José Álvaro Moisés, secretário para o Desenvolvimento do Audiovisual do Ministério da Cultura (Brasília, DF)
Resposta do jornalista José Geraldo Couto - Não existe contradição entre os dados sobre investimento apresentados pelo secretário e os publicados no jornal. A reportagem, trabalhando com "dados reais do Ministério da Cultura", deixa claro que se refere unicamente a recursos captados por meio da Lei do Audiovisual: R$ 79.778.516 (portanto "quase R$ 80 milhões") em 1997 e R$ 38.686.040 (portanto "menos de R$ 40 milhões") em 1998. O secretário, por sua vez, inclui em seu cômputo a captação por meio de outras leis de incentivo, sobretudo a Lei Rouanet (R$ 19.096.460 em 1997 e R$ 23.149.786 em 1998). Quanto aos fantásticos números de filmes em produção, finalização e pré-produção fornecidos pelo secretário, eles estão, infelizmente, mais próximos da propaganda do que da realidade, a não ser que incluam curtas-metragens, vídeos e documentários para a TV. A reportagem se referia apenas aos longas-metragens.

ACM e o Judiciário

"O presidente do Congresso Nacional, que deveria zelar pela harmonia entre os Poderes, vem propor a extinção da Justiça do Trabalho, como forma de retaliação e interferência em um outro Poder.
ACM se diz o guardião da sociedade, para isso conta até com apoio da mídia. Tudo isso faz parte do entulho autoritário. O país carece de reformas sim, mas não só do Judiciário."
Emanuel Cancella (Rio de Janeiro, RJ)
"O Judiciário, pelo menos a grande maioria dos juízes, merece respeito."
Manuel Morales (São Paulo, SP)
"Já notaram como o "coronel" Antonio Carlos Magalhães tem sempre (pelo menos diz que tem) um dossiê para usar, como ameaça, contra alguém e até mesmo contra alguma instituição?
Ora, qualquer ocupante de cargo público é obrigado a denunciar toda irregularidade ou crime de que tiver ciência. Por que, então, Antonio Carlos Magalhães não faz isso?"
Geraldo Sergio Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

Liberdade de não pagar

"O leitor Pedrito Fábis (15/3) disse muito bem que estão querendo obrigar, a todo o custo, os motoristas a passar nos pedágios.
Quero lembrar que o Estado é obrigado a fornecer um caminho sem pedágio, para que se preserve o direito inalienável de ir e vir."
Altino Catanha da Silva (São Paulo, SP)

Assistentes sociais

"Nós, assistentes sociais do Hospital Ipiranga, solicitamos retratação da equipe jornalística da Folha a respeito de reportagem publicada em 10/3, em que uma policial presa em flagrante, acusada de tentativa de extorsão, defende-se usando o argumento de estar atuando como uma "espécie" de assistente social.
O serviço social é profissão regulamentada, com código de ética, não havendo classes ou espécies de assistente sociais em que o comportamento de extorsão pudesse ser admitido."
Sandra Maria Andrade de Freitas, seguem-se mais cinco assinaturas (São Paulo, SP)

Por que a dívida cresceu

"O leitor Mario Silvio Nusbaum (16/3) comete um equívoco ao afirmar que a quase totalidade da dívida foi contraída para poder pagar salários e benefícios das "Marias da Conceição" do serviço público.
A maior parte da dívida externa foi contraída para o pagamento de juros aos credores externos e internos do país, por meio de uma política econômica inconsequente e irresponsável."
Fernão de Souza Valle (Campinas, SP)

Privatizações

"O governo federal, após sua desastrosa política cambial, fala em privatizar partes da Petrobrás, Caixa e Banco do Brasil, sem perder o controle acionário, bem como em vender ações que ainda tem de estatais já privatizadas.
Aos políticos com vocação pública cabe o papel histórico de impedir a dilapidação do patrimônio nacional."
Guaraci Vieira de Almeida (Campo Grande, MS)

Telefônica

"A quem podemos reclamar da mais que lamentável Telefônica? Por que não treinar e motivar os funcionários para que a população seja atendida ao menos com decência?"
Sylvio Haas (São Paulo, SP)


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