São Paulo, sábado, 22 de abril de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br

Democracia
"Em relação ao artigo do professor Francisco Weffort ("A democracia e seus inimigos", "Tendências/Debates", 20/4), gostaria de observar que o articulista conviveu por muito tempo -como companheiro de partido- com atual presidente e não mencionava à época o caráter autoritário e de "inimigo" da democracia do companheiro. Pelo contrário. Vivia escrevendo artigos caudalosos elogiando-o. É bom lembrar que o professor Weffort fez parte -como ministro inexpressivo, é verdade- do governo FHC, que, muito "democraticamente", abafou diversas CPIs e promoveu o "grande aperfeiçoamento democrático de nossas instituições", que foi a emenda da reeleição, obtida no mais alto espírito republicano, não é?"

José Mauricio Viveiros de Freitas (São Paulo, SP)

MST
"Li com muita estranheza o editorial "Pés pelas mãos" (Opinião, 19/4). O MST não é um movimento criado para desestabilizar o Estado de Direito. Pelo contrário, o MST luta pela efetivação de normas constitucionais inseridas desde o texto de 1988. O que não se concebe mais é continuarmos com essa imensa concentração fundiária e com os latifúndios improdutivos, como se a propriedade ainda fosse absoluta, como concebiam os romanos, mesmo sem cumprir sua função social."

Vinicius Mendonça (São Luís, MA)

Cor
"As observações críticas do ilustre sociólogo Simon Schwartzman em seu artigo "Das estatísticas de cor ao estatuto da raça" ("Tendências/Debates", 21/4) certamente não se aplicam ao projeto de lei nš 3.627, de 2004, do Poder Executivo, que institui o sistema especial de reserva de vagas para estudantes egressos de escolas públicas nas instituições públicas federais de educação superior. O projeto favorece não apenas os negros mas também os indígenas. Ele não obriga ninguém a se classificar como branco ou afrobrasileiro, mas faculta livremente aos interessados a autodeclaração de que se consideram negros ou indígenas. O projeto tampouco concede a tais pessoas direitos especiais "na saúde, no mercado de trabalho, na Justiça e em outros setores", como dá a entender o articulista. Trata-se, simplesmente, de uma forma prudente e equilibrada de fazer com que o nosso país, signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial das Nações Unidas, comece enfim a cumprir a sua obrigação de promover a inclusão social de grupos étnicos historicamente discriminados."

Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Telê Santana
"Foi com grande pesar que recebi a notícia da morte do ex-técnico do São Paulo e do Brasil na Copa de 1982, o gênio Telê Santana. Certamente, o "fio da esperança" jamais irá se apagar nos corações dos amantes do futebol. Pelas tantas alegrias que nos deu dentro de campo, muito obrigado a Telê."

Hélio Martins (Barueri, SP)

PT
"Em relação ao artigo de Frei Betto de 20/4 ("Qual o papel das CPIs?'), penso que, estivesse o PT ainda na oposição e houvesse esses mesmos escândalos, com as mesmas denúncias e rigorosamente as mesmas provas -ou ausência de provas-, o discurso do partido seria pela paralisação do país, pela pressão pelo impeachment, pela greve geral, pelas marchas a Brasília etc. etc. Diferentemente do que disse Frei Betto, a ocasião não faz o ladrão. Ladrões são os que decidem se apossar da coisa pública, seja sob qual bandeira partidária/ideológica for. O PT é a maior decepção política e ética da história do Brasil."

Lárimer Daniel (Florianópolis, SC)
 

"O artigo de Frei Betto de 20/4, como sempre, traduz brilho invulgar no raciocínio e na idéia que encerra. Cabe, no entanto, uma ressalva, que não é pequena. A ilação entre uma delegacia de polícia e os defeitos apontados pelo missivista no instrumento investigatório legislativo deslustra, em parte, o artigo pela impropriedade do contexto. E se, num passado distante, o aparato da segurança pública travestiu-se, por interesses inconfessáveis, a crítica atemporal não deve prevalecer senão como exemplo a não ser repetido."

André Di Rissio, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Voto
"As ponderações de Janio de Freitas ("O voto de liberdade", Brasil, 20/4) acerca da existência e extensão do voto secreto revelam o quanto a leitura de um texto bem articulado pode arregimentar esclarecimentos eficazes ao leitor. O equilíbrio na exposição, o conhecimento do tema, a elegância vocabular e o visível foco no interlocutor atestam a qualidade do articulista. A ofensiva contra o voto secreto, captada pela lente do fotógrafo Sérgio Lima na mesma edição, é uma tentativa de náufragos, ainda conscientes de que é preciso mostrar um mínimo de pudor, de decência e de respeito aos eleitores."

Doralice Araújo (Curitiba, PR)

Exposição
"O Banco do Brasil, que, no último ano primou pelo patrocínio ao pornográfico valerioduto, agora cede seus fundos ao erotismo com a exposição "Erótica - Os Sentidos na Arte". Até aí, tudo bem, mesmo porque a complacência da sociedade com a corrupção é cultural e vem desde o Descobrimento -e só o tempo irá nos curar. Incompreensível é a indignação do senhor curador da "Erótica" pela retirada daquela imbecilidade alcunhada de arte que transformou um terço cristão em um pênis ("Banco proíbe "terço erótico" em exposição", Cotidiano, 20/4) Não se trata de defesa do cristianismo, pois o desrespeito seria o mesmo com qualquer símbolo religioso. Trata-se de impor um mínimo de respeito ao que alguns julgam sagrado. Aquilo não é arte, e sua retirada da exposição não é censura. É o mau gosto e a falta de talento apelando para o chocante e para o desrespeito à crença alheia em busca da repercussão na mídia, dos 15 minutos de fama -patrocinados com dinheiro público."

Antonio Salim Curiati Júnior (São Paulo, SP)
 

"Não vi a obra dos terços que faz alusão ao pênis, mas, como artista e batalhador pela arte brasileira, me sinto afrontado, pois a Constituição de 1988 determina que "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença". A Igreja Católica não tem o direito de decidir o que devemos ou não devemos ver ou fazer. Se assim for, estaremos retornando à Idade Média, quando o papado resolvia o que era bom para o povo. Em tempo: não sou evangélico e não sou católico. Sou artista e, como tal, não quero ser manietado por nenhum dogma, política ou manifestação retrógrada. Viva a liberdade!"

Gil Carlos Teixeira, artista (São Paulo, SP)

IPTU
"À única paulistana indignada com o carnê do IPTU ("Painel do Leitor", 20/4), ficam aqui meus sinceros comentários. 1. O novo carnê, se assim podemos nomeá-lo, mais parece um panfleto justamente para economizar papel -sem dobras, grampos e no formato A4. 2. A diagramação colorida, tarefa inerente ao setor de criação, visa agradar visualmente às pessoas. Mas é óbvio que não deve agradar a "gregos e troianos". 3. Até onde vi, não há fotos nem sequer propaganda. Aliás, desconheço carnê tipo Daslu."

Cristina Ikonomidis (São Paulo, SP)


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