São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Editorial
"O jornalismo antigovernista praticado pela Folha é de uma ausência de substância irritante. Anteriormente, ao menos os editoriais estavam a salvo dessa prática, apresentando clareza e sensatez (o que, em parte, compensava a gratuidade das idéias exibidas na seção Opinião, que não raro se parece mais com um mural em que porta-vozes do PT, como o jovem jornalista Fernando Rodrigues, registram seus parciais pontos de vista). Porém o editorial "A direção do real" (19/5) se alinhou ao estilo "opinativo gratuito" que domina as páginas da publicação. Tece críticas contundentes à política econômica adotada pelo atual governo com base na opinião de economistas como os ex-ministros Antonio Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser Pereira. Cabe aqui a pergunta: eles promoveram avanços estruturais em nossa economia quando tiveram seu turno no poder? Então com que autoridade criticam a política atual? Isso a que a Folha chama de imparcialidade começa a me parecer muito mais com o que há alguns anos se convencionou chamar de jornalismo chapa-branca. Só que com sinal contrário."
Katia Almeida (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha adota como princípio fundamental a independência. Daí nunca se prestar a alinhamento automático -seja ao governo, seja à oposição.

Capital externo e comunicação
"Com relação à reportagem "Votação sobre capital externo pode ser adiada" (Brasil, pág. A8, 21/5), é importante esclarecer que o SBT não se manifestou sobre coisa alguma relativa ao Conselho de Comunicação Social ou ao sr. Roberto Wagner. Conversas captadas fora do contexto, em reunião a que o signatário foi convidado a comparecer a fim de coonestar uma "chapa" patrocinada por um sem-número de associações (o que não foi obtido), permitiram que o nome do SBT fosse usado para prejudicar a indicação do doutor Wagner. O SBT é membro da recém-fundada UneTv (União de Redes e Emissoras de Televisão), que optou por não sugerir nomes nem julgar os apresentados, tendo sido a explicação dessa posição o motivo de o signatário ter comparecido à reunião mencionada. Na verdade, a inclusão do presidente da Abratel, sr. Roberto Wagner, representando a televisão no Conselho, causou surpresa nos meios televisivos, principalmente na Abert/Globo, que viu a sua sugestão (Jayme Sirotsky e Claudia Quaresma) desprezada. O sr. Wagner é advogado e, há muitos anos, representante institucional em Brasília de empresas de comunicação -inicialmente da TV Manchete e, atualmente, do Grupo Record. Na verdade, ele nunca militou na radiodifusão propriamente dita, o que não lhe tira qualificação para o Conselho. No que diz respeito à UneTv, entendemos que o que realmente não tem sentido é entregar ao Grupo Globo a representação da televisão brasileira."
Luiz Eduardo Borgerth, consultor do SBT (São Paulo, SP)

Tecnologia
"Com referência ao artigo "As inverdades da Apta" ("Tendências/Debates", pág. A3, 20/5), gostaria de esclarecer que já tinha dado como esgotado o assunto durante as audiências públicas para a criação da Apta. Se o objetivo do autor é o de se autopromover, não serviremos de trampolim para as suas intenções mantendo uma polêmica estéril através de artigos assinados nesse importante veículo de comunicação. Caso a intenção do autor seja realmente séria e responsável, que cumpra o seu dever de cidadão e faça uma arguição formal de inconstitucionalidade ao Poder Judiciário."
José Sidnei Gonçalves, pesquisador científico e coordenador da Apta -Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (São Paulo, SP)

Aposta
"Gostaria de comentar a reportagem "Banco Espanhol diz que aposta no Brasil" (Brasil, pág. A5, 17/5). O Santander recebeu R$ 4 bilhões em títulos federais para honrar a complementação de aposentadorias dos funcionários inativos do Banespa e congelou os reajustes por três anos, enquanto desfruta da valorização dos papéis. Brasileiro é muito bonzinho mesmo! É fácil apostar num país em que os gringos fazem os empregados de gato e sapato!"
Edgard Afif Chehin (São Paulo, SP)

Estudo
"Quanto à pergunta do leitor Luiz Mauro Parreira Soares ("Painel do Leitor", 21/5), gostaria de lembrar que presidente da República não é profissão liberal, mas, sim, um cargo. E, aqui no Brasil, é conquistado pelo voto direto da maioria da população. Com o voto, o eleitor deposita naquele candidato não só suas esperanças mas também o desejo de que seus interesses sejam defendidos, acreditando que aquele é o caminho para um país melhor para si e para seus filhos. Quem disse que é preciso ser "doutor" para realizar tão nobre missão?"
Rita de Cássia Lustosa Messias Barrense (São Paulo, SP)

Mercado financeiro
"Em relação à reportagem "Mercado Financeiro não pautará PT" (Brasil, pág. A7, 21/5), gostaria de acrescentar os seguintes esclarecimentos: 1. O que estou cobrando do deputado e do PT é coerência e transparência. Sem nenhum indício consistente, eles fizeram uma campanha de calúnias contra mim. Agora, com fatos que mostram a participação na formação do grupo que adquiriu a Vale, o mínimo que se pode exigir é que eles peçam investigação, quebra de sigilos, CPI. 2. Existe, sim, a suspeita grave sobre o comportamento do deputado no caso da Vale. Há, no mínimo, conflito de interesses quando ele "assessora" a participação da Previ para se associar ao consórcio do seu amigo enquanto espantava a concorrência com a ação partidária. 3. Abrir suas contas (como fiz) é dever de transparência. Por que ele tem medo de abrir as dele? 4. É estranho que um consultor econômico tente influir na questão de nacionalização da Vale. Isso é posição política e ideológica, não econômica. 5. Nunca me referi a nenhum dos diretores atuais da Previ. O que disse foi que a participação da Previ foi aprovada por unanimidade pela diretoria. 6. Quanto às afirmativas do procurador Luiz Francisco -que eu não tenho legitimidade moral para cobrar investigações e a exigência de que eu faça uma representação ao MP-, elas apenas demonstram a falta de ética dele, que, repetidas vezes defendeu que simples notícias de jornal eram suficientes para abertura de investigação e que a quebra de sigilo era benéfica ao acusado. 7. O deputado não esclareceu se ele ou o seu partido receberam alguma contribuição dos participantes da negociação."
Eduardo Jorge Caldas Pereira (Brasília, DF)

Eleição na Andes
"Voto geralmente não se recusa, mas o de Paulo Renato é maldição. A fonte da nota "Asa Tucana", publicada na coluna "Painel" (Brasil, pág. A4) em 19/5, não foi a Chapa 2. Plantada pela Chapa 1, seria golpe desonesto. Vinda do gabinete do ministro, demonstraria desconhecimento de que a Chapa 2 é a mais ampla e eficaz oposição a sua política mercantilista ou seria "jogo do sapo", pedindo que lhe jogassem no fogo em vez de na água, modo de, conhecendo a sua rejeição, apoiar a Chapa 1, que deve achar mais fácil de isolar. A Chapa 2 não foi "formada por PT e PC do B", mas reúne professores filiados também a outros partidos oposicionistas e militantes docentes sem filiação partidária."
Joviniano Neto, candidato a vice-presidente da Chapa 2 (Salvador, DF)



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