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KENNETH MAXWELL
Bundas e peitos
DIZ-SE QUE OS homens brasileiros prestam mais atenção às bundas do que aos
peitos. Não é este o caso aqui no
Reino Unido. Os peitos vencem as
bundas em todas as disputas. E peitos eram assunto em destaque na
imprensa durante esta semana.
A Corte de Apelações invalidou a
condenação de um homem gay que
vinha filmando outros homens secretamente no vestiário de uma
piscina. Os juízes declararam que
contemplar peitos masculinos era
legal, mas o mesmo não se aplicava
aos seios femininos, nos termos da
legislação de combate aos crimes
sexuais adotada em 2003. Apenas o
peito feminino, determinou o tribunal, pode ser considerado como
uma "parte íntima". O juiz Hughes
determinou que a "intenção do
Parlamento era referente ao peito
de uma mulher, e não ao peito masculino exposto".
Curiosamente, as colunas de obituários estavam ao mesmo tempo
exibindo fotos de um dos mais famosos peitos masculinos da história do cinema, o de John Phillip
Law, que morreu aos 70 anos em
Los Angeles. Law é lembrado especialmente como o anjo cego Pygar,
em "Barbarella", a obra-prima
kitsch que Roger Vadim dirigiu em
1968. Dino de Laurentiis havia escalado Law, um belo californiano
loiro e de físico imponente, como o
anjo protetor, alado e seminu, da
heroína intergaláctica e sexualmente insaciável interpretada por
Jane Fonda.
Tudo isso se justapunha a colunas de fofocas nas quais muita gente batia no peito diante das espalhafatosas memórias de Cherie
Blair, mulher do antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair. A
sra. Blair é uma advogada poderosa
e ambiciosa e, de modo bem parecido ao da senadora Hillary Clinton,
subordinou suas ambições às de
seu poderoso marido. Agora, chegou a sua vez de brilhar. Entre as
revelações da sra. Blair: ela foi para
a cama com Tony no primeiro encontro, ainda que estivesse saindo
com dois outros homens à mesma
época. O filho mais moço do casal
foi concebido porque ela considerava que levar camisinhas ao palácio de Balmoral, uma das residências da rainha, na Escócia, não seria
uma boa idéia, dada a possibilidade
de que os criados abrissem suas
malas e ficassem chocados.
E assim por diante.
Essa imagem de "bater no peito"
é, claro, uma invocação bíblica. Em
Jeremias, 9:17, ela invoca mulheres
que são pagas para expressar pesar.
Muito apropriado à situação atual
da sra. Clinton. Mas, em Isaías,
32:12, "batei no peito" é pretendido
como estímulo ao crescimento de
vinhas frutíferas, o que parece
mais apropriado à sra. Blair, caso
suas memórias, como as da sra.
Clinton, venham a se tornar um
best-seller.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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