São Paulo, sábado, 22 de julho de 2006

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Cessar-fogo

É IMPERATIVO suspender as hostilidades no Líbano. Quanto antes isso ocorrer, mais vidas de civis serão preservadas. Lamentavelmente, são fortes os indícios de que os EUA bloquearão por mais alguns dias qualquer tentativa do Conselho de Segurança da ONU de exigir o cessar-fogo. O governo de George W. Bush deverá dar a Israel mais tempo para destruir o máximo possível da infra-estrutura e da capacidade operacional da milícia xiita Hizbollah.
O papel das Nações Unidas não deve limitar-se a restabelecer o "statu quo ante". Fazê-lo significaria apenas lançar para um futuro próximo a data do próximo embate. Para garantir que Israel não volte a atacar o Líbano, será preciso desarmar o Hizbollah, grupo que, apesar de ter-se integrado à política libanesa como partido, jamais deixou de atacar Israel. E o fazia contra a vontade e os interesses do governo libanês, de cuja coalizão é parte.
Na verdade, dois anos atrás, a ONU já havia aprovado a resolução 1.559, que exigia o desarmamento da milícia xiita. Nem a comunidade internacional nem o governo libanês, entretanto, se esforçaram para vê-la cumprida. Esperava-se que, à medida que o Hizbollah se incorporasse à política partidária libanesa, abandonasse as armas. Não o fez.
A fim de que a história não se repita, uma nova resolução, para ter mais chances de ser eficaz, deveria ser redigida em termos fortes e indicar precisamente a quais sanções fica sujeita a parte que descumprir a decisão. Isso vale não só para os israelenses, que precisarão suspender os ataques e retirar-se totalmente do território do Líbano, mas também para libaneses e, principalmente, para a Síria e o Irã, que apóiam e armam o Hizbollah.
A chave para que Israel e Líbano possam viver em paz é dar ao governo de Beirute controle integral sobre seu território.


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