São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Editoriais

Escalada tributária

NÚMEROS consolidados do primeiro semestre denunciam mais um recorde de arrecadação da Receita Federal: aumento de mais de 10% em relação a 2007. As cifras impressionam se contrastadas com o drama encenado pelo governo na virada do ano, quando o presidente falava em "cortar na veia" os gastos, já que não poderia contar com os recursos da CPMF.
Seis meses depois, não houve impacto nenhum nos gastos, a arrecadação disparou e o governo ensaia aprovar uma substituta da CPMF, a CSS -a medida já passou na Câmara e aguarda que se abaixe a poeira eleitoral para ir à votação no Senado.
Os fatores extraordinários evocados nos primeiros meses do ano pelo governo para justificar o inaudito aumento de arrecadação tornam-se cada vez menos plausíveis como explicação. É mais fácil acreditar no estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, que mostra que a carga tributária escalou no primeiro trimestre a 38,9% do PIB -quase cinco pontos acima do valor dos três primeiros meses do governo Lula, em 2003.
Os mais de R$ 333 bilhões arrecadados na primeira metade de 2008 mostram que há espaço suficiente para reduzir essa carga. O mínimo que se espera é que o projeto da CSS seja retirado ou derrotado no Senado.
Além disso, o governo deveria aproveitar a verba adicional para aumentar o alvo do superávit fiscal, ajudando a combater a inflação, cuja projeção de mercado para este ano já rompe o teto da meta oficial. Mas a palavra "poupar" não é popular em Brasília, tanto menos em ano eleitoral.


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