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INCERTEZAS
A melhora do ânimo dos
agentes econômicos, estimulada pela redução de 2,5 pontos percentuais da taxa de juros, deve ser
compreendida a partir do atual contexto restritivo, em que as expectativas do setor produtivo encontram-se
fortemente deprimidas pelas consequências deletérias do aperto monetário, que gerou recessão industrial,
queda nas vendas, crédito excessivamente caro, desemprego e perda de
poder de compra dos trabalhadores.
Nesse quadro, o corte na taxa Selic,
que se seguiu à redução dos depósitos compulsórios, não poderia deixar de ser recebido com alívio. Essas
medidas sugerem que, embora com
atraso, as autoridades econômicas
sentem-se em condições de começar
a contrastar as severas restrições decorrentes da estratégia adotada para
conter a inflação e conquistar a confiança dos mercados.
Os sinais de que o pior já passou
começam a surgir, e tudo indica que
se caminha na direção de algum
aquecimento da economia, a partir
do débil patamar em que ela hoje se
encontra. As condições, porém, para
o país ingressar num ciclo virtuoso e
duradouro de expansão sustentada
são duvidosas. Há gargalos importantes a superar, caso, entre outros,
do elevado endividamento público,
das limitações de infra-estrutura, especialmente na área de energia, e da
baixa disponibilidade de recursos
para a ampliação do crédito e dos investimentos.
É cedo, também, para afirmar que
as boas notícias relativas às contas
externas, como a permanência de
elevados saldos comerciais e o maior
ingresso de capital verificado recentemente, irão se manter no longo
prazo. A potencial volatilidade do
câmbio permanece, assim como a
forte presença na pauta de exportações de produtos agrícolas, cujos
preços são sujeitos a oscilações internacionais. Acrescente-se a isso a indefinição do cenário econômico nos
EUA e na Europa.
Vive-se, portanto, um período de
expectativas quanto aos desdobramentos da atual conjuntura. Eles poderão ser positivos, mas não se deve
perder de vista que os pressupostos
para uma trajetória consistente de
crescimento ainda estão, na melhor
hipótese, por se consolidar.
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