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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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CLÓVIS ROSSI

As primeiras salvas de 2006?

SÃO PAULO - Parece evidente que a troca de tiros entre o PT e o PSDB tem muito a ver com a eleição municipal de 2004, em especial a de São Paulo, que promete ser uma batalha entre os dois partidos. Mas suspeito que, até de maneira inconsciente talvez, estão em curso as primeiras salvas de 2006, ou seja, da eleição presidencial. Do jeito que estão as coisas hoje, o cenário eleitoral para 2006 parece facílimo de adivinhar: se Luiz Inácio Lula da Silva for bem, será reeleito. Se for mal, o eleito será Fernando Henrique Cardoso, por mais que este repita, uma e outra vez, que não será candidato. A única incógnita, a rigor, é definir o que significa, exatamente, "ir bem", no caso de Lula. Será que evitar o naufrágio, como está ocorrendo até agora, basta para que se diga, em 2006, que o presidente foi bem? Ou o principal critério de julgamento do governo Lula não deverá ser a política econômica, mas o cumprimento, ou não, de sua agenda social, como disse o historiador italiano Giovanni Arrighi em entrevista a Cláudia Antunes e Fernanda da Escóssia, desta Folha? Desnecessário acrescentar que, se o humor do público se orientar pela primeira hipótese, as chances de Lula são grandes. Mas, se se guiar pela segunda, quem fica favorito é FHC.
 
Em junho, o ministro Antonio Palocci Filho dizia: "A inflação caminha para as metas estabelecidas". Mesmo assim, o Banco Central fez, à época, uma medíocre redução de meio ponto na taxa de juros.
Agora, o próprio BC repete o que Palocci dissera faz 60 dias, ao afirmar que a inflação converge para a trajetórias das metas. E usa esse argumento para cortar os juros em 2,5 pontos.
Como Palocci não se gaba de ser um visionário, resta a hipótese de que o BC é cego ou lerdo demais.


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