São Paulo, terça-feira, 22 de agosto de 2006 |
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ELIANE CANTANHÊDE Cabral retucanou RIO DE JANEIRO - O Rio de Janeiro continua lindo e, além disso, é
uma boa amostragem da política
nacional e, agora, do esfarelamento
dos partidos. Lula e Alckmin têm
dois palanques cada um, mas não o
do favorito ao governo, Sérgio Cabral, do PMDB. Não é curioso?
Lula sobe sem cerimônia nos palanques do bispo da Igreja Universal Marcelo Crivela (PRB) e do ex-líder estudantil Vladimir Palmeira,
do esquecido PT e traço nas pesquisas. Alckmin tem os da juíza Denise
Frossard, do PPS, e do deputado
Eduardo Paes, do PSDB, que, juntos, não chegam a 10%.
Cabral, ex-tucano, esteve perto
de apoiar Alckmin, recuou com a
burrice tucana de lançar nome próprio ao governo e acabou sem candidato a presidente. Mesmo com
42% no último Datafolha e chance
de vencer no primeiro turno.
Na estréia das sabatinas da Folha
com os principais candidatos no
Rio, ontem, Sérgio Cabral fez um
enorme contorcionismo para falar
dos principais aliados, os Garotinho, que tanto podem trazer preciosos votos evangélicos como afastar potenciais apoios.
Aliás, Cabral não negou as origens no "Partidão" (Partido Comunista Brasileiro) nem a identidade
tucana. Não foi contra nem a favor
de nada. No máximo, defendeu alguns programas dos Garotinho,
elogiou Aécio Neves e fez uma referência simpática a Tasso Jereissati.
Num Estado onde a polícia é considerada corrupta, balas perdidas
são rotina e cidadãos honestos são
reféns de poderosas quadrilhas, Cabral só foi direto ao garantir: se
eleito, não terá dúvida em chamar o
Exército em "situações de guerra
civil", como a do PCC em SP.
Ou seja: peemedebista na legenda, tucano na alma e pragmático no
discurso. Afinal, todas as pesquisas
indicam exatamente isso: guerra é
guerra? Então chama o Exército.
Agora é esperar para ver.
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