São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

Onde estão todos eles

RIO DE JANEIRO - Uma das gripes que andam por aí, evoluída para uma pneumonia que me manteve fora de combate por mais de um mês, foi um refresco que dei aos possíveis leitores que cultivam o deplorável hábito de ler o cronista. Daí que a última Copa do Mundo não teve qualquer comentário de minha parte -o que constitui mais um triunfo para as cores daquele país.
Deus tarda, mas não falha, máxima que não se aplica ao cronista que, não sendo Deus nem candidato a isso, sempre falha e geralmente tarda.
Mas sempre é tempo para contrariar os entendidos em futebol que atribuem a nossa derrota ao técnico Dunga. Quem perdeu não foi ele, mas o Brasil, que é top em futebol e jabuticabas.
O novo treinador estreou um time diferente, mas na realidade não há grandes craques à disposição. Há promessas, e Robinho, Neymar, Pato, Ganso e alguns poucos são ainda promessas, mas não há fartura nem qualidade excepcional na oferta.
Não há sinais do ressurgimento da grande geração que produziu farta e sucessivamente os nossos heróis, Pelé, Garrincha, Vavá, Nilton Santos, Didi, Tostão, Rivelino, Zico, Sócrates, Falcão, Romário, Ronaldo e tantos outros que colocaram cinco estrelas nas camisas amarelas da seleção.
Temos quatro anos para que surjam novos craques indiscutíveis. Foi assim em 1970, com o nosso tricampeonato. João Saldanha, que formou a base posteriormente aproveitada por Zagalo, era apenas um jornalista inteligente transformado em técnico. Sabia ouvir a decantada voz das ruas e escalou uma seleção de jogadores que a própria voz das ruas chamou de "feras" do Saldanha. Deu no que deu.
O jogo-treino com os Estados Unidos foi bonito, houve momentos apreciáveis, mas o adversário praticamente deixou o Brasil jogar.


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