São Paulo, segunda, 22 de setembro de 1997.



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PROBLEMAS DA OPOSIÇÃO

Até o final da semana, devem ser definidos os nomes que irão ocupar os espaços políticos, exíguos e desestruturados, capazes de viabilizar novas candidaturas de oposição a Fernando Henrique Cardoso em 98.
Apesar dos rumores que alvoroçaram o cenário eleitoral nos últimos dias, até agora não é possível vislumbrar bases partidárias de centro-esquerda minimamente sólidas e organizadas para traduzir em alternativa política impulsos voluntaristas e aspirações pessoais de poder.
O dissidente Ciro Gomes tenta obter um espaço apostando, por um lado, no eventual desgaste da imagem do governo Fernando Henrique Cardoso, e, por outro, no processo de visível fragilização do PT.
Sua eventual candidatura, no entanto, esbarra na falta de apoios mais substantivos e menos nebulosos e na ausência de uma legenda que queira acolhê-lo. Mesmo o PSB, partido inexpressivo, de frágil coesão política e eleitoral, hesita em fazê-lo.
Mais ao centro, os ex-presidentes José Sarney e Itamar Franco -que deve filiar-se ao PMDB- insuflam suas candidaturas, de resto excludentes, também na suposição de que só a estabilidade da moeda não será suficiente para garantir a reeleição. Ambos representam respostas de tipo populista a uma insatisfação com FHC, o que, a julgar pela última pesquisa do Datafolha, ainda não tem base identificável.
Fragiliza-os ainda mais o fato de o PMDB não ser hoje um verdadeiro partido político -a não ser a título de cortesia- e sim um agregado de facções regionais, ademais dividido entre a situação e a oposição.
Lula, que nas pesquisas consta como principal líder oposicionista, é refém das disputas internas que colaboram para o atual enfraquecimento do PT, além de ter contra si índices historicamente altos de rejeição.
Até 3 de outubro, os virtuais candidatos a anti-FHC devem estar mais ou menos definidos. Isso não significa necessariamente que o presidente vá enfrentar ameaças reais em 98.





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