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DEBATE NECESSÁRIO
O discurso do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na ONU,
cujo tema central foi a necessidade
global de ajudar os países menos desenvolvidos, não apresentou novidades, já que ele fizera intervenção similar no Fórum Econômico Mundial
de 2003. Mas a fala teve pontos positivos, embora de difícil aplicação.
A transposição da principal iniciativa de marketing doméstica de Lula,
o combate à fome, para o âmbito internacional -propondo a criação de
uma taxa global para combater o
problema- é louvável, visto que o
tema não pode desaparecer da agenda. Vale lembrar que a ONU é o
maior fórum mundial e que sua Assembléia Geral dá voz a todos os
seus 191 países.
Mesmo para o bom funcionamento dos mercados internacionais, vistos por muitos como responsáveis
pelo aumento da pobreza em inúmeras regiões menos desenvolvidas do
planeta, é vital que as enormes desigualdades entre o abastado Norte e o
necessitado Sul sejam atenuadas.
Jacques Chirac, presidente da França, aderiu à idéia e defendeu, na própria Assembléia Geral da ONU, a
criação de uma taxa para "abrandar
os efeitos nefastos da globalização" e
a pobreza, da qual a fome é um dos
sintomas mais cruéis. Ricardo Lagos, presidente do Chile, também
parece disposto a "promover uma
maior cooperação" nessa área. Cabe
a Lula, contudo, atrair mais adeptos
para sua causa.
O problema do imposto global, conhecido como "taxa Tobin" pelos
iniciados no assunto, é que, para ter
chance de sucesso, ele precisaria ser
aceito por todos os principais atores
econômicos da cena internacional.
Ou seja, a participação de pesos pesados, como EUA, China, Japão e
União Européia, seria indispensável.
Sem isso, em um ambiente acirrado como o da economia mundial, os
países que não aderissem à medida
teriam uma clara vantagem competitiva, o que, na prática, tornaria inviável a própria existência da taxa.
Por ora, a maior potência global, os
EUA, é totalmente contrária ao imposto contra a fome. Assim, a iniciativa de Lula de não deixar que o debate caia em esquecimento é laudável,
porém a aplicação internacional de
sua iniciativa ainda parece distante.
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