São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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NELSON MOTTA

A comunidade de intermediações

RIO DE JANEIRO - Uma das memórias mais tenebrosas da ditadura é a "comunidade de informações". Formada por militares, policiais e espiões, transformou-se em um poder autônomo, dominado por fanáticos e bandidos, que só começou a ser desbaratado pelo general Geisel quando ameaçava se insurgir contra a hierarquia militar no governo.
Eles agiam em nome da pátria, contra a subversão, pela segurança do regime. Perseguiam, torturavam e matavam pela causa, além da lei, como a Inquisição por Cristo e os stalinistas por Marx.
Hoje, a causa é manter o partido no poder e ocupar todos os espaços da administração pública e das estatais para construir o socialismo com o apoio dos excluídos e dos movimentos sociais. Como a causa é "nobre", vale tudo.
Entra em cena a "comunidade de intermediações". Que mal haveria em recolher uma comissão dos prestadores de serviços de prefeituras para apoiar o partido pobre e honesto? Nada pessoal, apenas expropriar pequena parcela dos impostos da classe média e dos ricos para a causa socialista.
Assim, como na comunidade de informações, as ambições pessoais, a voracidade humana e os baixos instintos individuais perverteram a "comunidade de intermediações". Companheiros das prefeituras de Santo André, Ribeirão Preto e São José, o Sombra, a Leão Leão, Poletto, Buratti, Waldomiro, Delúbio, Silvinho, todos fizeram o que sempre foi feito, como diz Lula, só que em nome de uma causa "nobre".
Geisel falava dos "bolsões sinceros, mas radicais", Lula chama os corruptos de "companheiros equivocados". Se tivesse a coragem de Geisel diante da gangue de informações, acabaria com as práticas criminosas da "comunidade de intermediações", sejam em nome de que causa forem. Antes que o PT acabe com ele.


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