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NELSON MOTTA
A comunidade de intermediações
RIO DE JANEIRO - Uma das memórias mais tenebrosas da ditadura
é a "comunidade de informações".
Formada por militares, policiais e
espiões, transformou-se em um poder autônomo, dominado por fanáticos e bandidos, que só começou a
ser desbaratado pelo general Geisel
quando ameaçava se insurgir contra a hierarquia militar no governo.
Eles agiam em nome da pátria,
contra a subversão, pela segurança
do regime. Perseguiam, torturavam
e matavam pela causa, além da lei,
como a Inquisição por Cristo e os
stalinistas por Marx.
Hoje, a causa é manter o partido
no poder e ocupar todos os espaços
da administração pública e das estatais para construir o socialismo
com o apoio dos excluídos e dos
movimentos sociais. Como a causa
é "nobre", vale tudo.
Entra em cena a "comunidade de
intermediações". Que mal haveria
em recolher uma comissão dos
prestadores de serviços de prefeituras para apoiar o partido pobre e
honesto? Nada pessoal, apenas expropriar pequena parcela dos impostos da classe média e dos ricos
para a causa socialista.
Assim, como na comunidade de
informações, as ambições pessoais,
a voracidade humana e os baixos
instintos individuais perverteram a
"comunidade de intermediações".
Companheiros das prefeituras de
Santo André, Ribeirão Preto e São
José, o Sombra, a Leão Leão, Poletto, Buratti, Waldomiro, Delúbio,
Silvinho, todos fizeram o que sempre foi feito, como diz Lula, só que
em nome de uma causa "nobre".
Geisel falava dos "bolsões sinceros, mas radicais", Lula chama os
corruptos de "companheiros equivocados". Se tivesse a coragem de
Geisel diante da gangue de informações, acabaria com as práticas
criminosas da "comunidade de intermediações", sejam em nome de
que causa forem. Antes que o PT
acabe com ele.
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