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RUY CASTRO
Bem amigos
RIO DE JANEIRO - Os candidatos
a prefeito do Rio têm uma coisa em
comum: quase todos são amigos do
presidente Lula. Alguns, de infância
-infância política, bem entendido.
E, não importa a que partido pertençam, todos exploram essa amizade em seu horário eleitoral.
Eduardo Paes (PMDB-PTB-PP-PSL), candidato do governador Sérgio Cabral, garante que, com o governador e o presidente a seu lado,
ele resolverá os problemas do Rio.
Desde 1961, quando Carlos Lacerda
rompeu com Jânio Quadros, o Rio
não tinha um governador tão íntimo do presidente. Eduardo Paes
quer estender essa intimidade à
prefeitura. Mas, se Cabral cair em
desgraça, ele vai junto.
Marcelo Crivella (PRB-PR-PSDC-PRTB), candidato da Igreja
Universal, invoca mais o nome de
Lula que o de Jesus Cristo, e dá a
entender que, por baixo do pano, é o
favorito do presidente. Lula não é
evangélico, nunca foi, e seu único
contato com a Bíblia foi numa matinê de "Os Dez Mandamentos", com
Charlton Heston. Mas Crivella tem
um trunfo forte: é um astro da Record, TV para a qual Lula torce.
Jandira Feghali (PC do B-PTN-PHS-PSB) conhece Lula desde que
usava chuca-chuca -a candidata,
não o presidente. Ela nunca o viu
numa reunião de discussão de
Gramsci ou Lukács, mas já participaram juntos de greves inesquecíveis. Idem quanto a Fernando Gabeira (PV-PSDB-PPS), com quem
Lula dividiu muitos palanques no
tempo em que eram de esquerda.
Mas não há hipótese de nenhuma
dessas situações se repetir. Quanto
a Chico Alencar e Alessandro Molon, que se julgam amigos do homem, têm um defeito que anula
qualquer chance de serem apoiados
por Lula: o primeiro, até outro dia,
era do PT; o segundo ainda é.
Diante disso, e pensando bem,
para que tantos intermediários?
Por que não, de uma vez, Lula para
prefeito do Rio?
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