São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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PAINEL DO LEITOR

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Lei seca
"Discordo veementemente do sr. Bob Sharp ["Painel do Leitor", 20/ 9]. A redução dos acidentes de trânsito e, principalmente, a redução de mortes por acidentes deve-se sim às pessoas passarem a ter cuidado e não dirigir embriagadas. Ninguém tem o direito de ser irresponsável e pôr em risco a vida de terceiros e a sua própria. O que aumentou não foi, exclusivamente, a fiscalização, e sim o medo de ir para a cadeia por matar alguém estando alcoolizado e dirigindo um carro!"
CYNTHIA LOSSO (Brasília, DF)

Eleições
"As eleições presidenciais de 2010 já se aproximam e todos podem ver a diferença entre os candidatos Serra e Aécio. Enquanto Aécio conseguiu unir PSDB e PT para apoiarem um candidato do partido de Ciro Gomes, o Serra conseguiu quebrar a rotina vencedora de ter um candidato cabeça de chapa do PSDB com um vice do DEM (que permitiu a vitória dele e do Alckmim em várias eleições) e preferiu apoiar uma chapa do DEM, abandonando o candidato de seu próprio partido (vingança?). Enquanto Aécio integra, Serra divide para tentar manter o poder. Conseguirá?"
CARLOS EDUARDO CUNHA (São Paulo, SP)

Atletas de Cristo
"Quero parabenizar o brilhante artigo de José Geraldo Couto ["Fé na riqueza", Esporte, 20/9]. É com muita tristeza que observamos nossos atletas, que se dizem de Cristo, agirem como fundamentalistas. Pior ainda, justificarem suas riquezas e o sucesso profissional como se apenas a religião em que acreditam fossem responsáveis por tal. Agem como egoístas que não respeitam seu público -se não fossem os carentes por ídolos que acercam nossa sociedade, jogadores não teriam tanto prestígio.
Atletas como Kaká, eleito o melhor do mundo pela Fifa em 2007, que envia anualmente US$ 1 milhão para os cofres dos Hernandez e para os bolsos de advogados dos criminosos, poderiam fazer neste país instituições esportivas, com projetos sociais que ajudariam a criar uma nação mais digna e mais forte no esporte."
THIAGO TOLEDO ARAÚJO (Jaguariúna, SP)

Mortes
"Aprecio como a Folha ressalta e trata com carinho e respeito a memória de quem realmente merece em sua importante seção de obituário. O de 19/9 mostra o perfil de quem foi d. Maria Cecília de Alcantara Machado -a grande, discreta e elegante mulher do saudoso e arrojado publicitário Caio Alcantara Machado, fundador da revolucionária Fenit. Nos EUA, mais precisamente no "New York Times", a seção de obituário é das mais lidas do jornal. Parabéns para a nossa Folha, que também exerce, com elegância e desenvoltura, esse importante papel."
JOSÉ MARIA DE ALENCASTRO PELLES (Goiânia, GO)

Greve da polícia
"A culpa exclusiva do que a população está sofrendo com a greve da polícia é do próprio governo do Estado de São Paulo. O PSDB, desde que está no governo, vem sucateando sistematicamente os vencimentos do policial, que para complementar seu minguado salário tem que fazer os chamados "bicos".
E depois o governo vem com a conversa mole de que pagar um salário digno para a Polícia Civil não está dentro da realidade orçamentária do Estado. Como é então que Estados com orçamentos bem mais modestos que São Paulo podem pagar um salário honesto e digno a seus policiais?"
LUIZ CARLOS S. TEIXEIRA (Catanduva, SP)

Cinema
"Desculpem-me, mas me incluam fora dessa. Os críticos da Folha estão brincando ou sendo negligentes. Relação de filmes mais importantes dos últimos 50 anos que não tem nenhum filme de Hitchcock, Visconti, Woody Allen, para citar apenas alguns, e tem "Cidade de Deus", "Central do Brasil", não pode ser levada a sério."
WALTER DO CARMO (São Paulo, SP)

 

"Quando é que os críticos brasileiros de cinema vão fazer justiça a Anselmo Duarte? É inconcebível que esse ator e diretor, único brasileiro a conquistar a Palma de Ouro, em Cannes, tenha sua obra e seu filme "O Pagador de Promessas" ignorados pelos críticos desse jornal. Aos 80 e tantos anos, por mais tolerante que seja, Duarte deve sentir o coração bastante magoado. Tive a satisfação de ver a sua chegada a São Paulo, após a premiação, a euforia popular, seu filme exibido no Cine Ipiranga. Ah, esses críticos!"
ROBERTO ANTONIO CÊRA (Piracicaba, SP)

Autoritários
"Sobre o artigo de Fabio Giambiagi, "Os Autoritários" ["Tendências/Debates", 21/9], trata-se de uma das mais lúcidas análises dos prejuízos da inércia do atual governo para o Brasil do futuro. Giambiagi identificou com clareza os três focos de resistências às tão necessárias reformas estruturais: (1) os intelectuais intolerantes; (2) os partidos ditos de esquerda; e (3) os sindicalistas encastelados no aparelho do Estado. O Brasil que está embevecido com o crescimento do momento precisa de mais alertas como faz Giambiagi no seu elucidativo e corajoso artigo."
JOSÉ PASTORE (São Paulo, SP)

 

"Fabio Giambiagi, no artigo "Os Autoritários", é de uma hipocrisia e esnobismo sem tamanho, quando enquadra três grupos que, segundo ele, obstaculizam o avanço do país rumo à modernidade.
No entendimento dele, somente ele (e seus colegas do PSDB), e os analistas do mercado financeiro que defendem as reformas, pensam nos interesses gerais do país."
JOSÉ PORFIRO (Rio Branco, AC)

Parto
"Cesárea para salvar a vida da mãe ou do feto é coisa de novela. Depois de 50 anos fazendo partos, cheguei à conclusão de que a mulher civilizada não precisa ou não quer sofrer as bíblicas "dores do parto". Parto dói, dói muito e por muitas horas. Por que correr o risco de perder neurônios do feto por falta de oxigenação cerebral durante o trabalho de parto?"
SÉRGIO GUIMARÃES (São Paulo, SP)

Tortura
"Gostaria de parabenizar Fábio Konder Comparato por seu artigo "Crimes sem Castigo" ["Tendências/Debates", 19/9]. Torna-se necessária a interpretação da lei nº. 6.683 de 1979 para que possamos considerar aquilo que, na década de 40, o filósofo Walter Benjamin clamava à sociedade européia de sua época: que a história deveria ser vista à contrapelo, ou seja, a partir da óptica dos oprimidos, dos vencidos, desafiando as representações vulgarmente aceitas e estabelecidas por meio de nossos currículos escolares. Essa memória silenciada carrega conseqüências na medida em que, como bem nos lembra Benjamin: "toda a imagem do passado (...) corre o risco de desaparecer com cada instante presente que nela não se reconheceu" (1940)."
AGNES CRUZ DE SOUZA (São Roque, SP)

Desaparecidos
"Se a matéria sobre os desaparecidos ["Juiz recebe lista de 130 mil desaparecidos no franquismo", Mundo, 21/9] repõe, mais uma vez, a questão e a da anistia no Brasil, ela não relata o caso do militar brasileiro Alberto Bomilcar Besouchet.
Militante do então Partido Comunista do Brasil (PCB), participou dos acontecimentos do levante militar comunista de novembro de 1935 em Recife, do qual conseguiu escapar ferido. Clandestino, após o levante de Francisco Franco, decidiu ir para a Espanha para combater ao lado das forças republicanas.
Foi o primeiro brasileiro a desembarcar na Espanha, no início de 1937. Sua experiência militar e seus atos de bravura o levaram a ser promovido a coronel e a integrar o Estado-Maior do general Miaja.
Após os incidentes ocorridos em Barcelona, em maio de 1937, onde aconteceram enfrentamentos entre as forças comunistas e outras forças de esquerda, não houve mais notícias de Besouchet. Nunca houve qualquer informação formal a respeito de sua morte e até hoje permanece a convicção de que tenha sido preso e executado pelas forças de repressão ligadas aos comunistas na Espanha."
DAINIS KAREPOVS (São Paulo, SP)

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