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ELIANE CANTANHÊDE
Não precisa exagerar
BRASÍLIA - Tudo bem que o advogado José Antônio Dias Toffoli tenha só 41 anos (faz 42 em novembro), pois a idade mínima para ministros do Supremo é 35. Mas, cá
para nós, é um ponto a menos, já
que ele pode ficar uns 30 anos no
mesmo cargo, governo atrás de governo, como ocorre com Marco Aurélio Mello, indicado por Collor.
Tudo bem que Toffoli não tenha
currículo brilhante, já que há bons
profissionais com pouca densidade
acadêmica em várias áreas. Mas, cá
para nós, é um ponto a menos ele
não ter mestrado nem doutorado,
já que foi indicado não para um cargo qualquer, mas para o Supremo,
cérebro e alma da defesa da Constituição brasileira.
Tudo bem que Toffoli levou pau
para juiz já faz muito tempo, na década de 1990. Mas, cá para nós, é um
ponto a menos ele virar ministro da
mais alta Corte tendo sido incapaz
de ser juiz estadual -não em um,
mas em dois concursos.
Tudo bem que Toffoli seja camarada do Lula e do Zé Dirceu, advogado do PT em eleições e advogado-geral da União do governo amigo.
Mas, cá para nós, é um ponto a menos que sua ligação com o partido
seja seu grande talento e maior
trunfo. Ainda mais porque o mais
eletrizante processo tramitando no
Supremo é o do "mensalão", que pega petistas de jeito.
E tudo bem que Toffoli tenha
duas condenações em primeira instância no Amapá, aparentemente
por receber do Estado para defender a pessoa física do então governador. Afinal, condenações assim
sempre podem ser, e estão sendo,
revistas. Mas, cá para nós, é um
ponto a menos, além de a questão
poder parar no STF. Toffoli julgando Toffoli.
Diminuindo daqui e dali, o que
justifica Toffoli ser nomeado para a
oitava vaga (do total de 11) do STF
na era Lula? Será que o Brasil não
tem ninguém mais maduro, com
sólido currículo, que não tenha tomado bomba para juiz, que seja
mais do que só ligado ao PT e que
não tenha condenação nenhuma?
elianec@uol.com.br
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