São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Desenvolvimento com respeito às pessoas
ZECA DO PT
Embora o processo eleitoral brasileiro esteja paramentado com uma roupagem plebiscitária, é preciso reconhecer que os eleitores dispõem de informações suficientes para não se deixarem aprisionar pela polarização entre as opções de ficar com o que se tem ou buscar uma nova experiência. Assim, o povo identifica diferenças e semelhanças entre aqueles que disputam seu voto. Há semelhanças, por exemplo, no histórico político entre os dois candidatos que lideram a corrida presidencial. Eles conviveram no mesmo berço de resistência democrática, lutaram contra a ditadura, mas hoje representam projetos distintos, cujas diferenças são capazes de acrescentar valores e critérios específicos ao eleitor na hora de decidir o seu voto. Um desses valores é o conceito de desenvolvimento, vocábulo que, de tão genérico, acaba sendo utilizado sem o indispensável recorte das especificidades. A história do PT como partido político e força central do poder público nos últimos oito anos é suficiente para indicar ao eleitor qual é o modelo de desenvolvimento que defende e pratica. O respeito à pessoa e ao pluralismo, a vocação para combater a desigualdade social, a capacidade de efetivar o protagonismo da sociedade nas decisões, a interpretação de desenvolvimento como prosperidade coletiva e democratização de oportunidades, tudo isso dá ao PT uma condição diferenciada. As diferenças entre os projetos se reproduzem nas disputas estaduais. É o caso de Mato Grosso do Sul. Apesar de contemplado com maciça injeção de recursos federais por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) -mais de 80% do total de investimentos são em infraestrutura-, o atual governo estadual não soube fazer a leitura correta do significado dos programas que inaugura. Na linguagem oficial, o desenvolvimento sul-matogrossense hoje é "vendido" como concreto, asfalto e superfície. Estão de fora desse processo as forças sociais, excluídas por um modelo autoritário de gestão. Estão de fora valores e condições inerentes à evolução de uma sociedade, como o respeito às pessoas e à natureza. Fala-se em sustentabilidade. Mas discursar é quase nada quando se vive num Estado que pouco opera para conciliar expansão da economia com sustentabilidade. Em 30 anos, o PT acumulou experiências que o credenciaram para a representação política e a gerência do interesse público. Nesse quesito, está identificado com os conceitos de sustentabilidade, respeito à pessoa e bem-estar coletivo, inerentes à expressão e à representação máximas do vernáculo desenvolvimento. O político que se proclama agente do desenvolvimento tem a obrigação de detalhar o modelo que defende. Isso significa explicar o tipo de tratamento que dá ou dará às necessidades e direitos das pessoas, como a vontade legítima de participar do governo, de serem ouvidos, respeitados e contemplados com as providências legítimas em benefício de sua plena satisfação. JOSÉ ORCÍRIO DOS SANTOS, o Zeca do PT, 60, é candidato do PT a governador de Mato Grosso do Sul, Estado que governou entre 1999 e 2006. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Rafael Guimarães dos Santos: Falta ciência na discussão sobre a maconha Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
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